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Dois dias foram o tempo de espera, minha mãe Rose já tinha ido embora da minha casa e levou meus irmãos junto. A casa estava estranhamente quieta, enquanto devorava um pote de sorvete eu observava meu celular com um novo chip. E quando finalmente ele tocou eu me levantei em um pulo!

— Senhorita Hildago falando, Quem é? — Me fiz de desentendida.

Sons de folhas passando foram ouvidas como se um caderno estivesse sendo sacudindo.

— Que bom que atendeu, É a secretária Quinn. Lembra de mim? A empresa deseja ter uma pequena reunião com a senhorita antes de assinar sua contratação. — Sua voz tinha uma dose de empolgação.

A. Meu. Deus. Gritei sem som, ela não precisava saber o quanto aquilo me deixou aliviada.

— A que horas eu compareço à empresa?

— Às oito em ponto, vou te mandar mais algumas informações por esse número, tudo bem?

— Sim!

— Parabéns pela vaga Greta! Você tem um ótimo currículo e tenho certeza de que será uma ótima profissional também.

A simpática daquela mulher às vezes me assustava, tinha algo de natural na forma como ela me chamava. Informal como se nos conhecêssemos, tenho que admitir que aquele era um dom admirável. Não é todo mundo que tem um jeito que deixe as coisas desconfortáveis na presença de estranhos.

— Obrigada Ana, te vejo amanhã! — Murmurei contendo o sorriso.

— Até amanhã.

E assim que a chamada foi encerrada eu pulei no sofá e abafei o grito antes de voltar a tomar o sorvete, dessa vez em comemoração.

Pela manhã eu acordei tão cedo que o céu ainda era meio escuro, eu apenas me arrastei até a cozinha, me sentei sob a cadeira e tomei uma bela e enorme xícara de café enquanto me encolhia pelo frio que fazia tão cedo. Foi difícil não pensar em Estevan, foi difícil não pensar em como ele poderia estar aqui enquanto mexia o bacon no fogo e me dizia como tinha sido o dia anterior no trabalho. Eu estava tentando, mas estava difícil. As coisas que vivemos no passado nunca ficam realmente lá.

Era repugnante, uma vida inteira trocada por momentos e incertezas.

A caminho do meu mais novo trabalho, eu afastei cada pensamento pessimista e que me fez ficar para baixo. Passei pela recepção, e passei também pelo elevador dessa fez sem esbarro e mancha de café.

— Oi, você deve ser a nova funcionária certo? — Um moreno me comprimentou quando passei por uma porta com janelas de vidros que entregava que ceria a sala de telemarketing pela forma como todos ali dentro tinham pequenos microfones e fonos. — Sou o Pedro.

Ele estendeu a mão e eu aceitei.

— Gerusa, mas você pode me chamar de Greta. — Ele balançou nossos dedos um pouco antes de soltar e sorrir.

Qual era o requisito para entrar naquela empresa? Ser bonito? Não era possível... Ele era tão bonito que dava dor física. Ou talvez eu, que esteja atenciosa demais para as aparências, apertei meus olhos em sua direção. Não, não era o caso. Ele realmente era bonito.

— Bem, Greta. Seja Bem-vinda a M.O.

Eu abri os lábios para responder, mas fui interrompida por um barulho alto de líquido sendo sugado.

— Você está por aqui de novo?

Nem precisei me virar para saber quem era, eu tinha sido rancorosa o bastante para recordar daquela voz.

— Qual é a surpresa, achou que eu não seria escolhida? — Me virei.

— Exatamente. — Seus lábios se curvaram em um sorriso forçado. — Espero que esteja ciente de que a nossa empresa é uma empresa totalmente séria e profissional.

Ele avaliou os meus saltos vermelhos e a minha saia de couro antes de voltar seus olhos castanhos ao meu rosto.

— Eu sou profissional, e Séria. — Ressaltei de braços cruzados e acrescentei. — Vice diretor. — Deixei bem claro que sabia da sua posição na empresa.

Ele soltou um riso baixo depois de um gole em seja lá oque tinha em sua xícara preta.

— Certamente.

Pisquei várias vezes, era difícil saber se sua resposta era mesmo positiva. Sua voz tinha sempre um toque de sarcasmo, e eu odiava sarcasmo. Bem, só quando era usado comigo.

— Um tufo de pelos em sua cara não te torna um profissional, senhor.

Pedro, eu acho. Fez um barulho com a boca e se afastou. Já o vice-diretor, me fitou seriamente agora. Sem sombras de sorrisos, ótimo, já estava ficando irritada.

— Você está certa, de novo.

Ergui uma sobrancelha.

— Ah, eu tenho certeza que sim. — Murmurei. — Acho que começamos as coisas um pouco errado, estou prestes a entrar naquela sala e ser contratada. O que significa que vamos nos encontrar mais do que gostaria, então que tal começarmos tudo de novo? —
Ele avaliou a minha mão estendida por um tempo que achei uma eternidade. E eu avaliei cada sombra de expressão em seu rosto. — Olá vice-diretor, me chamo Greta Hildago e serei a futura funcionária da M.O. — Apelei para formalidade.

— Sou o Marcos. — Foi tudo oque ele disse além de. — E estou com as mãos ocupadas.

Ele estendeu a pasta e a xícara antes de me ignorar e voltar a fazer seu percurso. Tive a sensação que ele faria aquilo mesmo se não estivesse "ocupado". Enquanto isso eu fiquei com a mão estendida ao ar, era isso que dava ser simpática com quem não merecia.

Idiota arrogante!

[...]

Contrada, e bem ciente de cada setor dentro daquela empresa, eu caminhava ao lado da antiga secretária que estava me escoltando pelos corredores.

— O que há entre vocês?

Ela se virou rapidamente.

— Disse algo? — Ela parecia estar distraída.

— Você e o diretor tem alguma coisa? Me desculpe perguntar, eu não queria ser intrometida. Mas já que estou sendo...

— Não temos nada.

A olhei surpresa, não foi isso oque pareceu. Mas eu entendo caso ela não quisesse admitir para uma estranha e ainda mais dentro do trabalho, mas que era estranho a forma como eles se olhavam e falavam era. Ou talvez eu só esteja vendo demais, como sempre.

— Acredito, mas sentem algo um pelo outro? Eu no seu lugar sentiria, imagina conviver com um homem com uma aparência daquelas e não me apaixonar se quer um pouquinho?

Ela riu relaxando os ombros.

— Não se iluda Greta, Rafael pode ser rigoroso e difícil quando quer.

— Difícil?

— Você não imagina o quanto...

Ela me ofereceu uma bala de plástico amarelo que aceitei mesmo que não fosse comer naquele momento diferente dela que quase engoliu de imediato.

— Respondendo sua pergunta, não. Quer dizer, a menos eu acho que não. — Ela deu de ombros. — Nunca parei para pensar nisso. — Eu me confirmei com aquela resposta e logo subimos novamente para o setor de diretória. — Vamos acertar seu salário, e seus horários, tudo devidamente. Você passará uma semana sob minha supervisão, vou encarregar que você dure mais de duas semanas na empresa.

Ela voltou a dizer e eu assenti sorrindo quando notei o tom brincalhão dela.

Continue...

Spoiler com emoji parte 02:
🚘💥🧱🪥

Secretária Hildago [PAUSADA] Onde histórias criam vida. Descubra agora