Uma parte do que era inteiro, se quebrou.
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Em quase dois anos que comecei a terapia eu nunca tinha reparado que as paredes do consultório eram de um bordô tão sufocante. As estantes cheias de livros de capas grossas e um divã de couro desconfortável. Mamãe e Yoongi me forçaram a vir a doutora Yang com mais frequência. E nunca havia sido claustrofóbico antes, mesmo falando sobre o trauma e minhas crises nós sempre mantivemos uma boa linha de confiança.
Porém agora estar aqui me sufocava.
— Taehyung você está bem? – eu ri da sua ignorância.
— Vamos parar com o teatrinho eu sei como isso funciona, se eu dizer que "sim" você vai saber que não é a resposta verdadeira. Então vá direto ao ponto o que você quer de mim? – a minha personalidade estava tão ruim ultimamente ser mal educado com alguém que só quer me ajudar nunca aconteceria.
— Não precisa entrar na defensiva Tae, só quero que você se abra comigo como sempre.
Porque ela não quer falar sobre o meu problema psicológico em ser tocado. Ela quer que eu discurse sobre o meu estado catatônico de tristeza, sobre o termino com ele. E isso me machuca ainda mais.
Dois dias.
Apenas dois dias que ele havia me escoltado até em casa. Ele fazendo um discurso idiota sobre precisarmos ficar longe. Estupido. O que ela quer que eu diga? Hoseok que deveria estar aqui para responder todas as perguntas dela.
— Eu sei... – meu suspiro foi longo — Nós estávamos bem e ele simplesmente me deixou, fico me perguntando o que eu fiz. Você quer que eu diga que estou triste? Bem isso é visível. Eu sinto a maldita falta dele dos os segundos e o pior é que eu sinto que ele ainda me ama e que só está escondendo algo de mim. - me encolhi — Será que você pode desligar o ar?
— Mas ele não está ligado.
Dr. Yang tinha razão já que ela vestia uma camiseta de manga curta e saia na altura dos joelhos. Me senti um aliem, minhas mãos estavam escondidas dentro do bolso do casaco grosso e ainda tinha um cachecol que rodeava o meu pescoço. A cada dia esse frio estava me matando aos poucos me consumindo.
— Tae posso fazer uma pergunta intima?
Assenti me encolhendo ainda mais. Yang caminhou e assentou-se ao meu lado pacifica, havia uma expectativa um momento longo demais. Será que a senhora esperava que eu lesse seus pensamentos.
— Você e Hoseok já dormiram juntos? Dormir no sentido de acasalar, ele te marcou?
Eu engasguei e comecei a tossir, meu rosto deve estar da cor das paredes. O frio ainda me estilhaçava, mas houve um momento. Em uma fração de segundo quando eu me recordei de nós, na praia e depois no carro de Jin. E fogo me consumiu por milésimos.
— Não. Só ficamos nas preliminares. – eu olhei para o chão com vergonha de encarar a senhora de meia idade com indagações promiscuas — Que tipo de pergunta é essa?
— Desde que você chegou mencionando-o em sessões há meses atrás eu sabia que ele deixou uma impressão forte em você. E com o passar do tempo vocês foram se aproximando e você descobriu o imprinting. Confesso que eu fiquei muito orgulhosa quando soube que você estava progredindo e se permitindo tanto emocionalmente quanto sexualmente. — ela gesticulou e eu limpei a garganta pois aqui me deixava sem jeito, foi vergonho abrir isso com ela no passado e continua sendo agora. — O que eu quero dizer é que eu lido com traumas a muito tempo, e nunca vi uma progressão tão rápida, o que me fez pensar que... você poderia ter tido um imprinting por ele também.
— O quê? Não isso... Como? eu não me sentia como ele... eu até o rejeitei.
— Eu sei, mas pense. Um imprinting não é algo que só mexe com a ligação das almas, ele age na nossa consciência, trabalha nas ligações cerebrais. Eu queria dizer que você as tem e perfeito estado, mas desde pequeno você passou por traumas com os abusos do seu pai e depois veio o episodio do transtorno. Algo em você quebrou, e talvez só por isso os efeitos foram tardios. O frio que você sente ultimamente assemelha a ômegas marcados que perderam seus alfas ou estão há muito tempo afastados.
— Isso é impossível ele nunca me marcou. – minha voz saiu fraco e triste.
— O imprinting não necessita da marca.
Se isso fosse verdade mesmo tudo teria sido tão mais fácil. Ele ainda estaria comigo. Teria olhado para ele como se a minha necessidade de respirar estivesse em suas mãos. No dia em que ele me salvou eu olharia para seus olhos verdes e não conseguiria ir para outro lugar a não ser ao lado dele. E todos os tambores que eu sempre senti dentro de mim, a batida de outro coração além do meu, eu não podia ser louco.
O choro caiu gelado em meu rosto a sensação de perde-lo me deixava agonizando, mas ainda sim era como sentir migalhas, fragmento. Mas mesmo assim não consigo sentir tudo por completo, algo em mim estava rasgado me impedindo de comtemplar o sentimento.
— Sou adversa neste método, mas se você quiser podemos tentar hipnose.
— Hipnose... pra que?
— Bem, é só uma hipótese. Se o que está bloqueando seus sentimentos forem a mesma coisa que bloqueou seu subconsciente do trauma. Na sessão podemos tentar uma reversão, mas eu nunca quis te colocar nesta posição Tae. Não indico este método a ninguém que passou por algo assim como o seu, você vai reviver o dia, vai sentir vai ver. Ou podemos continuar como estamos com passos menos invasivos que não são de todo mal, veja você já evoluiu muito sem ultrapassar seus limites.
Eu me sentia exausto sempre. Como se eu tivesse correndo e correndo, mas sempre estando no mesmo ponto. Havia peças que não se encaixavam, buracos infinitos, lacunas escuras que não diminuíam só aumentavam.
Quando Hoseok estava aqui, era como se ele estivesse me enchendo de novas coisas, colocando as coisas no lugar, porém o vazio ainda ficava lá porque o espaço dele eu preciso cobrir comigo mesmo. Essa memoria por mais que me matasse ela ainda é minha e faz parte de mim.
— Eu topo.
Mesmo eu estando quebrado em tantos pedaços chegou a hora de colar cada caquinho do meu coração que nem mesmo isso leve um milhão de anos.
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Oi
Bem já faz tempo, anos literalmente.
Queria dizer que eu sinto muito, mas esse tempo foi bom pra mim, eu perdi pessoas e me isolei de tudo. Acompanhei os meninos de longe, porque não tive forças para estar por perto. Eu perdi até a vontade de escrever. Ainda não estou 100%, mas eu decidi terminar de escrever Imprinting, dar a ela um ponto final, pois é uma obra da qual eu tenho muito carinho.
Vou termina-la
Ainda que ninguém esteja mais aqui para acompanha-la
Vai ter mais atualização no próximo sábado.
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IMPRINTING || jhs + kth
FanfictionO que Kim Taehyung mais queria era não sofrer por um amor não correspondido. Um amor que lhe oprimia, transgredia o humilhava. Porém sua rotina estava para ser abalada. Alguém que chegou do nada... prometendo ficar para sempre. "Quando perceber que...