Tudo ao meu redor desmoronava, as paredes pareciam se fechar, sufocando cada respiração. Meu coração acelerou de forma descontrolada, os batimentos reverberando em meus ouvidos como um tambor de guerra.
A visão diante de mim era um pesadelo tangível, muito mais real e apavorante do que qualquer lembrança distorcida pelo tempo.
A cicatriz... aquela cicatriz... não havia como esquecer. Ela rasgava o rosto do homem como uma assinatura macabra, gravada em minha memória desde aquele dia de terror de anos atrás, naquele maldito esconderijo da Hydra.
Aquele rosto... o rosto de Bola Oito.
Um calafrio gelado percorreu minha espinha, paralisando meus músculos. O horror de estar frente a frente com o monstro que pensei ter enterrado. Um monstro que eu acreditava estar morto ou, ao menos, preso, incapaz de continuar me assombrando.
Mas ali estava ele, em carne e osso, observando-me com a mesma crueldade de outrora. E então tudo fez sentido. Era por isso que estavam atrás de mim. A Hydra não havia terminado comigo. Nunca terminaria.
Meu peito parecia prestes a explodir. O ar tornou-se pesado, difícil de puxar. Tentei lutar contra a sensação avassaladora de desespero, mas meu corpo não respondia. Tudo que conseguia era abrir e fechar a boca como um peixe fora d'água, em busca de um oxigênio que não conseguia alcançar.
Tiros repentinos soaram como um eco distante, mas dentro de mim, explodiram como bombas, ampliando o pânico.
O salão do cassino transformou-se em um caos, mas eu estava presa em meu próprio inferno, incapaz de escapar. O mundo ao meu redor foi engolido pela escuridão enquanto a figura de Bola Oito sumia na multidão.
Meu corpo tremia incontrolavelmente, meus dentes trincavam, e meus olhos, desfocados, procuravam algum ponto de fuga, mas não havia nenhum.
E então, uma voz distante cortou o nevoeiro em minha mente, mas ela era indistinta, como se viesse de outro mundo. Tentei responder, gritar por ajuda, mas minha garganta estava fechada, as palavras sufocadas pelo terror.
Outra voz, mais próxima e acolhedora, ecoou em meus ouvidos, mas eu mal conseguia captar as palavras. Meu corpo foi arrancado do chão, uma onda de vertigem me atingindo, mas não consegui reagir. Senti o calor dos braços que me seguravam, mas era como se estivesse em outra dimensão, separada por uma barreira impenetrável. A música de fundo do cassino era um zumbido incessante, misturando-se aos gritos e tiros que pareciam tão distantes quanto minha própria sanidade.
Tony me colocou deitada contra a parede, seus olhos preocupados buscando os meus, mas eu estava longe, perdida dentro de mim mesma. Suas mãos, firmes em meus ombros eram o único ponto de ancoragem.
— Eu preciso de você agora — ouvi, mas a frase soou como um sussurro no meio de um turbilhão.
Meus olhos finalmente encontraram os dele, mas era como se estivesse olhando através de um vidro grosso e embaçado.
Tony tocou em meus cabelos antes de se afastar, suas palavras não mais alcançando minha consciência. A visão dele se equipando com a armadura se mesclou com a escuridão crescente em minha mente. Ele se afastou, deixando-me encostada na parede.
— Não pode ser... Não pode ser... — As palavras repetiam-se na minha mente.
Enquanto começava a soluçar, um susto abrupto me sacudiu.
Uma explosão violenta me arremessou metros à frente, minha cabeça colidindo dolorosamente com uma quina.
O impacto foi tão forte que, por um breve momento, tudo ao meu redor desapareceu em um borrão indistinto de sons e imagens. A dor pulsava em minha cabeça, abafando a cacofonia ao redor, mas a fumaça espessa que comecei a inalar rapidamente trouxe-me de volta à realidade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Warrior | Livro 1
ActionEnquanto os Vingadores lutavam para salvar o mundo, Alice enfrentava um dilema existencial: seria ela a heroína destinada a brilhar na luz da justiça, ou a vilã que sucumbe à escuridão de seus próprios medos? Cada confronto a levava mais fundo em um...