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Despertei ao som de batidas vigorosas na porta. Seis, ao todo. 

No instante em que meus olhos se abriram, um turbilhão de pensamentos invadiu minha mente, imaginando que estávamos sendo invadidos, ou que o complexo estava em incêndio. Contudo, nenhum alarme ecoava, então, resignada, recuei novamente para a segurança do meu travesseiro.

Sem o tempo necessário para meus olhos ajustarem-se à luz, a porta do quarto foi abruptamente escancarada.

— Todos na sala de treinamento em cinco minutos — vociferou Steve, a voz áspera denunciando sua recente privação de sono. Porém, logo em seguida, sua voz suavizou-se um pouco — Deus ajuda quem cedo madruga. Vamos lá.

Com isso, o Capitão partiu em direção ao próximo quarto, para despertar o restante da equipe.

Era ainda a madrugada, meu quarto iluminado somente pela luz amarela que escapava do corredor. As cobertas, acolhedoras contra meu corpo, me abraçavam suavemente, instigando-me a permanecer. Mas, o insistente bater à porta me arrancou da cama. Arrastando-me relutantemente para o outro lado do colchão, alcancei meu telefone, constatando que mal passavam das cinco da manhã. Em um murmúrio rouco, joguei as cobertas de lado, enfrentando o choque do ar gelado da manhã.

Despertar era um desejo fugaz; queria estar de volta às cobertas ou simplesmente relembrar a sensação de um sono ininterrupto. Minha noite havia sido marcada por despertares constantes, impulsionados por um desejo irrefreável de escapar do dia anterior. 

Fechei a porta do quarto suavemente, evitando os ruídos do corredor, e lavei o rosto com água fria, afastando a letargia que me mantinha presa ao quarto.

Olhando-me no espelho, quase arranquei-o da parede ao ver as olheiras roxas sob meus olhos. Cobri as marcas com corretivo, tentando amenizar o aspecto cansado. O corte nos lábios, lembrança dos confrontos recentes, foi mascarado com habilidade. Com um suspiro, percebi que estava pálida demais e acrescentei um toque de blush. Vestindo um conjunto de academia, encobrindo-me até o pescoço com uma jaqueta esportiva, desci para o primeiro andar na companhia de Natasha.

Na sala de treinamento, Tony, Steve e Clint estavam preparados, cada um imerso em sua rotina de alongamentos. Tony, sempre o anfitrião musical, iniciou uma playlist enquanto nos preparamos para o treino.

Ao lado direito do balcão estavam minhas luvas de couro e uma garrafa d'água, cortesia de Steve, como sempre. Puxei as luvas, encaixando-as entre os dedos, enquanto observava Thor passar pela porta, indiferente aos treinos. Natasha, notando-o, não resistiu a provocar.

— O que está fazendo aí fora?

— Ah, Romanoff... — Thor respondeu, erguendo as sobrancelhas em diversão — Eu sou um deus, não preciso de treinamento!

A ruiva riu sarcasticamente, enquanto eu me concentrei em abotoar as luvas. Tony estava próximo, sua presença detectada pelos meus instintos. Seu calor me envolveu antes mesmo de ouvir sua voz baixa e rouca no meu ouvido.

— Bom dia, querida. Hoje você luta comigo, como nos velhos tempos... — ele soou demandador, apenas um resquício de convite.

Me virei rapidamente, apenas para ser confrontada pela proximidade de seu rosto. Minha respiração vacilou, e precisei dar um passo para trás. Seus olhos conseguiram capturar os meus, ambos repletos da mesma energia que nos levava a treinar diariamente na Torre. Aquela nostalgia me atingiu em cheio, lembrando-me dos dias em que lutar era uma forma de conexão entre nós, antes que o caos se instalasse.

Eu aceitei o convite, sentindo as emoções reprimidas borbulharem. Tony esboçou um sorriso que quase se transformou em riso.

— Espero você no ringue.

Warrior | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora