O Quinjet deslizava suavemente pelo céu, seu som quase inaudível em meio ao vasto manto verdejante que se estendia abaixo. Cada batida do meu coração parecia ressoar com a mesma intensidade do motor da aeronave, ecoando memórias e medos que há muito tempo se recusavam a desaparecer. A cada metro que avançávamos, a tensão aumentava, como se estivéssemos atravessando camadas invisíveis de passado e presente.
Peter estava sentado ao lado, seus olhos fechados, mas eu sabia que ele não estava realmente dormindo. Seus dedos mexiam de leve, como se estivessem tocando uma melodia silenciosa no ar, uma tentativa inconsciente de acalmar os nervos. Já Tony, de pé perto da janela, mantinha o olhar fixo no horizonte. Ele não falava, mas o silêncio dele era mais pesado do que qualquer conversa, carregado de pensamentos que pareciam pertencer a outra era, outra vida.
Levantei-me, deixando a tensão que preenchia o espaço ao meu redor e me dirigi à frente da aeronave. O interior do Quinjet estava escuro, apenas as luzes suaves do painel de controle iluminando o rosto de Steve. Ele estava lá, no comando, suas mãos firmes no volante como se fizessem parte da estrutura do Quinjet. Seus olhos estavam focados à frente, mas a rigidez de sua postura falava por si só. O silêncio dele não era confortável; era uma armadura, uma barreira erguida contra os demônios internos que ele não podia afastar.
— Você parece confortável demais pilotando isso, né? — comentei, tentando suavizar a tensão que parecia pulsar no ar. Um sorriso brincou nos meus lábios, mas a resposta de Steve foi rápida e direta, seu semblante perdendo qualquer traço de leveza.
— O problema não sou eu. Como você está? — A pergunta veio de forma inesperada, tão direta que me deixou sem resposta por um momento.
— Tranquila... pelo menos, tentando ficar. — admiti, o peso da situação parecendo dobrar sobre meus ombros com as palavras.
Ele assentiu, mas seu olhar não me encontrou novamente. Em vez disso, seus olhos voltaram ao céu, como se a vastidão lá fora pudesse oferecer respostas para as dúvidas que o corroíam por dentro. O Quinjet começava a reduzir a velocidade, e o cenário abaixo de nós passou de uma mancha verde a uma floresta densa, pontilhada por sombras que pareciam se mover com vida própria.
A porta do Quinjet abriu-se com um suspiro metálico, e o ar fresco e frio da floresta nos envolveu. Steve, agora completamente concentrado, colocou seu escudo nas costas e fez um gesto para que nos preparássemos. A tensão no ar estava quase palpável, como se as árvores ao redor estivessem segurando a respiração junto conosco.
— Alice, você guia. — A voz de Steve quebrou o silêncio, firme e decidida, deixando claro que agora era a hora de agir.
Assenti, meu coração martelando no peito enquanto eu avançava à frente. O chão estava úmido sob meus pés, o cheiro de terra e folhas secas preenchendo o ar. Os pinheiros erguiam-se como gigantes ao nosso redor, suas agulhas farfalhando suavemente com o vento. A floresta era um labirinto de sombras e luz, onde cada ruído parecia amplificado pela tensão do momento.
Nos movíamos com cuidado, cada passo calculado para não trair nossa presença. O silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelo som abafado de nossos pés esmagando as folhas caídas. Minhas mãos estavam firmemente fechadas ao redor das armas, os olhos buscando qualquer sinal de movimento além das árvores. A cada passo, eu me esforçava para ignorar o peso dos olhares em minhas costas, sabendo que eles confiavam em mim para encontrar o caminho.
Após uma busca que pareceu durar uma eternidade, Peter, com um sussurro baixo, anunciou que havia encontrado algo. Aproximamo-nos, nossos corpos quase se fundindo com as sombras enquanto seguíamos sua indicação. A entrada para os dutos estava ali, oculta sob camadas de vegetação e sujeira. O metal enferrujado era frio ao toque, e o cheiro de mofo e ferrugem invadiu minhas narinas enquanto nos preparávamos para entrar.
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Warrior | Livro 1
ActionEnquanto os Vingadores lutavam para salvar o mundo, Alice enfrentava um dilema existencial: seria ela a heroína destinada a brilhar na luz da justiça, ou a vilã que sucumbe à escuridão de seus próprios medos? Cada confronto a levava mais fundo em um...