Capítulo 11 ( O encontro)

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        Quando eu tinha sete anos, meus pais passaram por momentos difíceis por minha causa. Minha saúde nunca foi estável e eu ficava doente com frequência. O incidente que ocorreu naquela madrugada quase tirou a vida não apenas de mim, mas também dos meus pais.

Eram exatamente três e trinta da madrugada quando me levantei do colchão em que nós quatro dormíamos e fui cambaleando em direção ao banheiro. Naquela época, eu era apenas uma criança frágil, incapaz de suportar as dores causadas pela febre alta.

Ninguém percebeu minha saída às pressas. Um mal-estar violento me dominou assim que me sentei no vaso sanitário, e fiquei gemendo de dor por alguns minutos. Diarreia, vômito e calafrios, tudo ao mesmo tempo, que eu tive que suportar. Eu não tinha forças para pedir ajuda, mesmo que quisesse, e devido à fraqueza, meu corpo cedeu e caí bruscamente no chão. Acredito que o barulho tenha acordado meus pais, pois a sala ficava ao lado do banheiro, graças à modesta casinha da vovó.

A única coisa que consigo lembrar daquele momento foi minha querida mãe me levantando do chão. Sua voz trêmula gritava por socorro, e passos apressados e chorosos se aproximaram do meu corpo. Fui envolvida em um cobertor e acomodada nos braços do papai. Eles saíram correndo às pressas em direção ao pronto atendimento.

Como meu pai não sabia dirigir e ainda não sabia, tiveram que percorrer o trajeto a pé, desesperados por ajuda sem terem muito o que fazer. Eles oravam e discutiam, todos os sentimentos se misturando.

Em casa, ficaram a vovó, a tia Mary e o Carl. Eles acenderam uma vela cada um e pediram a Deus que me salvasse, mesmo sem saberem o que eu tinha, e ficaram cada vez mais nervosos. Nesse meio tempo, tudo parecia conspirar para o pior. Enquanto meus pais corriam comigo, um raio caiu sobre um poste, fazendo os fios se partirem, e por um segundo, quase fomos atingidos. Como costumava dizer minha avó Eva: "Isso só podia ser obra de Satanás". Certamente, algo muito poderoso não queria que chegássemos ao hospital. No entanto, quando se trata de Deus, existem forças ainda maiores.

Com Sua proteção, conseguimos chegar ao pronto atendimento, mas os acontecimentos não terminaram por aí. Muitas coisas ocorreram naquela madrugada. A falta de energia elétrica, por exemplo, atingiu apenas a área do hospital. Sem mencionar o número limitado de médicos de plantão, com apenas um obstetra e dois cardiologistas disponíveis.

Papai ficou tão indignado que me passou para os braços da mamãe e sem nenhum pudor, descarregou toda a sua ira na cabine de telefone em frente à recepção. Resultado. Deus nos enviou um clínico geral que por mera coincidência estava de folga, mas resolveu dar uma passadinha no hospital naquele justo horário.

Por fim, fui atendida e analisada. Descobriram que era uma simples virose e mais adiante, acabaram descobrindo uma deficiência no meu coração. E devidamente por esse motivo, vinham desmaios constantemente; não pude praticar a maioria dos esportes, alguns pratos foram retirados do meu cardápio e substituídos por dietas mais saudáveis.

Uma infância e adolescência com o "pé na cova." Depois dos vinte, tudo se acalmou, dores no peito etc. aconteciam raramente e até que poderia dizer-se que uma vida normal, eu levava. Mas como eu disse, nem sempre minha saúde era uma beleza, contando com as vezes que estive no hospital, foram vinte e oito frios na barriga, medo de morrer, medo cirurgia, medo de não concluir minha estadia na terra, entre outras coisas, eu sentia muito medo.

A explicação que posso dar é que não necessariamente tinha medo da morte em si. Entendo que é apenas uma passagem, uma etapa etc. Mas eu tinha medo de ir e não conseguir concretizar o que estava programado. Sentir a falta das pessoas que fizeram parte da minha vida e tudo que há nela. O "ver para crer", "tocar para sentir", passei escutando isso, ao longo dos anos. Para que somente um dia essas palavras fizessem algum sentido. Aos vinte e três anos decidi viver plenamente e não mais viver com medo. Encarar que eu realmente era e como enxergava o mundo.

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