A primeira palmada é sem dúvida inesquecível. Esse gesto, considerado um "carinho" por alguns profissionais da área da saúde, como os obstetras, desperta o choro singular de um recém-nascido. O procedimento é simples: tapinhas moderados nas nádegas, com o receio calculado, de que algo possa dar errado. Essa ação é suficiente para encher os pulmões do recém-nascido de ar e presenteá-lo com seu primeiro choro.
O que torna esse procedimento quase obrigatório, e ainda mais interessante, é que os seres humanos já nascem enfrentando dificuldades, como bezerros desmamados que agonizam. Isso é presumidamente, relacionado com a resposta significativa para a saúde e felicidade do indivíduo. Esse paradoxo gera opiniões divergentes e ocorre apenas por um simples motivo: "Ser agraciado com o tão esperado sopro de vida."
Eu nasci na pequena cidade de Emért, que tem cerca de 60 mil habitantes, localizada em algum lugar desse mundo. Também recebi algumas palmadas ao nascer. Foram exatamente quatro tapas severos em minha minúscula "Bunda" que me fizeram gritar como um bezerro. Demorei um pouco para soltar o ar entre meus pulmões. Um caso curioso e preocupante, porém, o médico que me segurava com suas grandes e suaves mãos certamente não tinha culpa. Afinal, nasci após passar de dez meses no útero. Acredito que eu não estava muito disposta a nascer naquele momento.
Emért, a cidade onde tudo era possível, era palco de acontecimentos estranhos no cotidiano. Com uma colonização mista de franceses, espanhóis, descendentes de escravos, imigrantes brasileiros e italianos, o lugar era uma verdadeira fusão de culturas.
As pessoas que viviam ali eram extremamente convictas de suas opiniões e fechadas para qualquer tipo de aprendizado intelectual.
Minha mãe, a quem eu amava muito, tornou-se uma dessas pessoas ao longo dos anos, mas nem sempre foi assim. Lembro-me de que, até certo ponto da minha infância, aprendi muito com seus ensinamentos. Ela me ajudou a expandir meu intelecto e explorar minha criatividade. Ela foi uma figura fundamental para o desenvolvimento das minhas faculdades intelectuais. Me ensinou coisas que talvez uma mãe, mesmo diante das circunstâncias que a vida lhe apresentava, não poupou esforços para promover meu intelecto moral e espiritual.
Recebi um dom divino: a capacidade de enxergar além, de perceber o que as pessoas não conseguiam ver. Existem muitos nomes para isso, como revelação, mediunidade, intuição, entre outros. Esses são termos criados pelas religiões, criadas pelo homem, para descrever esse estado especial. No entanto, no fundo, são todos a mesma coisa. Afinal, ser tocado pelo Espírito Santo, ter revelações, ser clarividente, realizar passes ou fazer exorcismos são habilidades presentes em qualquer local considerado uma "casa de Deus". Podemos pensar nisso como uma grande pizza dividida em diversas fatias, cada uma com sabores diferentes. No entanto, a essência, o princípio fundamental, permanece intacto.
De acordo com o que se diz por aí, Deus é único. Até hoje, na minha fase adulta, acredito que Deus é como uma criança e nós, seres humanos, somos seus pais, dizendo-lhe o que deve e o que não deve fazer. A ênfase está no que Ele deve usar e vestir, pois subjugar à sua vontade é o mais importante. No entanto, entre as criaturas, algumas se destacam ao pensar de forma diferente e buscar o verdadeiro conhecimento. Afinal, somos seres pensantes e, graças ao presente maravilhoso de Deus, temos o livre arbítrio.
Minha alma despertou quando eu tinha entre quatro e cinco anos. Um dia, ao acordar, senti que algo estava faltando quando abri os olhos. Algo palpável não estava presente. Como poderia uma criança ter esses tipos de pensamentos? Raciocinar como alguns adultos? Isso parecia terrível no meio em que vivia.
A sociedade e o mundo me repreendiam, simplesmente por ser diferente, ou melhor dizendo, igual.
No entanto, nem todos têm coragem de se pronunciar. O medo nos paralisa diante dos olhares críticos e da arrogância das criaturas humanas, como se fossem a "última bolacha do pacote". Isso nos impede de expressar nosso olhar diferente.
Sou sortuda por ter esse "ser" maravilhoso e toda a espiritualidade em minha jornada, pois, sem isso, talvez eu não estivesse escrevendo essa história.
Aqui está tudo, ou quase tudo, que ocorreu na minha nova jornada, uma vida repleta de aprendizados que nunca esquecerei, seja em qualquer lugar, entre a eternidade e a matéria.
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AS 33 VIAGENS D'ELLA ( DIAMANTE BRUTO) LIVRO 1/LGBT
Paranormal"Nas sombras do desconhecido, entre o limiar da vida e da morte, encontra-se Ella de Orleans, uma alma marcada pelo destino. Dotada de poderes além da compreensão humana, ela é capaz de viajar entre dimensões, desvendar mistérios ancestrais e dialog...