• 02 | What the fuck was that?

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Millie

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Millie.

'Jornada de autoconhecimento', é o que estão falando há quase duas horas nessa palestra que parece não ter fim.

Sinto minha bunda doer de tanto estar sentada e tenho quase certeza de que ela está ficando quadrada.

Minha barriga ronca incansavelmente enquanto encaro a mesa com docinhos e guloseimas ao lado direito do salão.

Já fazem exatas três horas que deixei o quarto todinho para aquela maconheira inconveniente. Fiquei quase uma hora sentada no salão principal esperando começar a tal confraternização, que nada mais é do que uma palestra sobre a importância da teologia na história.

Ainda não fiz nenhum amigo aqui. Cada pessoa que vejo parece ser extremamente séria e intelectual. Espero encontrar amigos legais com o tempo, que realmente me agreguem.

Corro os olhos ao redor do salão e percebo Billie fingindo prestar atenção na palestra enquanto mexe no celular. Ela é tão bonita. Me pergunto o que uma pessoa como ela está fazendo aqui, devia estar fazendo jornalismo ou tirando fotos para capas de revistas. Continuo a observar e percebo alguns sorrisinhos bobos escaparem de seus lábios enquanto ela digita sem parar no celular. Seus olhos cruzam os meus assim que ela bloqueia o aparelho e olha diretamente na minha direção.

Droga, droga, porque essas coisas acontecem?

Desvio o olhar sem jeito, voltando a prestar atenção na palestra. Eu sei que deveria estar gostando e que isso aqui é meu sonho, mas eu realmente não vejo a hora de começar a estudar de verdade. Fala sério? O que eu quero com palestras sobre autoconhecimento? Eu já me conheço o bastante e não preciso dessa baboseira.

- Teologia não é só a história das religiões, mas também uma jornada de autoconhecimento e reflexão sobre nossa própria espiritualidade... — Completou a palestrante que parecia ter uns mil anos de idade.

Reviro os olhos, ajeitando minha postura na cadeira, e olho novamente para Billie, que agora parecia entediada, brincando com o cabelo enquanto olhava para o teto. Apesar de nossas diferenças, admito que sinto um pouco de curiosidade sobre ela e sobre a forma como ela vê o mundo.

Ela me parece ser bem liberal em relação à vida. Não que eu não seja, bom, ok, eu não sou. Vivi grande parte da minha vida me privando de algumas coisas por conta da igreja. Algumas delas eram porque eu queria e sentia no coração me privar, e outras porque eu simplesmente sabia que não podia e me forçava a me privar.

Quando se cresce num ambiente conservador, você aprende a abrir mão de algumas coisas que quer muito e, de alguma forma, se sente bem ou aliviado por ter feito a coisa 'certa'. Mas, o que eu quero dizer é que, devido às circunstâncias e ao ambiente em que cresci, acho que nunca fiz o que realmente queria na minha vida... e até que ponto isso é certo? Isso é o certo?

Bom, de qualquer forma, eu não deveria estar me questionando sobre essas coisas.

- Isso é cansativo, né? — Olhei para o lado e abri um sorriso ao ver uma menina de olhinhos puxados e cabelo extremamente liso sorrindo para mim.

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