Millie Quint, é uma jovem de 21 anos que cresceu em Cambridge, Massachusetts, imersa na fé e tradições de sua família religiosa. Determinada a seguir seus sonhos, ela ingressa na prestigiada universidade de teologia em Boston, onde espera encontrar...
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Millie.
Desci do carro, dando de cara com a enorme universidade à minha frente. Paredes altas com muros ainda mais altos. A sensação de imponência me dominou enquanto eu observava as estruturas enormes se erguendo diante de mim. A brisa outonal varria as folhas secas pelo campus, enquanto o sol lançava longas sombras sobre os edifícios.
O burburinho distante dos estudantes e o aroma de café fresco pairando no ar me envolviam, criando uma mistura de expectativa e ansiedade. Olhei ao redor e me vi cercada por diversas pessoas de diferentes classes e etnias. Cada um com seu próprio estilo, cabelos, maneirismos e tons de pele únicos. Era tudo novo, completamente inédito, e eu estava animada demais para viver tudo isso.
Respirei fundo, reunindo toda a coragem que tinha em mim, e me preparei para entrar nesse novo mundo que me aguardava.
- Millie, não está esquecendo de nada? — Dona Lola me chamou antes que eu pudesse dar um passo à frente.
Virei para a mais velha, dando um sorriso largo de orelha a orelha ao vê-la com os braços abertos e um olhar marejado.
- Claro, mamãe. — A abracei, sentindo o cheiro familiar de mãe.
Dona Lola sempre foi muito firme quando o assunto era nossa fé. Ela é uma mulher séria, mas muito dedicada à família e aos afazeres domésticos. Não tenho do que reclamar de minha mãe; ela nunca me faltou amor e atenção. Talvez isso tenha sido tão presente na minha vida que até tenha me prejudicado um pouco.
- Como está se sentindo, minha filha? — Meu pai, David, perguntou.
- Ah, animada, papai. Vocês sabem que isso sempre foi meu sonho.
- Fico feliz por você, minha filha. — Meu pai se aproximou, me abraçando.
Assim que me afastei dele, Dona Lola segurou meu rosto, me olhando com firmeza.
- Você merece tudo isso, meu amor, mas não esqueça dos seus princípios e das suas crenças. Tenha juízo e escolha suas amizades com sabedoria.
Assenti levemente com a cabeça, dando um leve sorriso. Afinal, acho que o que menos preciso me preocupar é em perder ou esquecer meus princípios. A faculdade de teologia não serve justamente para me lembrar deles todos os dias?
- Agora preciso ir, mãe. — Me afastei dela, pegando minhas malas. — Tenho que ver em qual quarto me colocaram.
- Não quer ajuda para subir? — David perguntou.
- Acho que consigo lidar com essas malas sozinha. — Sorri gentilmente.
- Tudo bem, minha filha. Se cuide e qualquer coisa nos ligue. — Papai disse.
- Vou te ligar toda quarta-feira à noite, amor. — Minha mãe gritou enquanto eu me afastava.
Olhei para trás mais uma vez, vendo os dois abraçados, orgulhosos. Acenei e mandei um beijo no ar para ambos.
