• 29 | Remember who you are.

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Millie

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Millie.

Pessoas andavam para lá e para cá dentro da minha casa. O cheiro de comida era forte, e diversas vozes preenchiam a sala, conversando juntas.

Eu estava sentada no sofá, com os braços cruzados e a cabeça latejando de tanta dor. Sophia estava ao meu lado, mexendo no celular enquanto ria baixinho de alguma coisa.

Minha mãe conversava com algumas irmãs da igreja enquanto tomava uma xícara de café. Ela parecia melhor, um pouco mais leve, mas eu sabia que, por dentro, ela estava destruída, assim como eu.

Eu entendo que as pessoas que estavam ali só queriam nos ajudar e nos dar o devido suporte e apoio, mas, sinceramente, eu só queria estar nos braços da Billie agora.

Quando a dor de cabeça se tornou insuportável, eu me levantei e fui até a cozinha tomar um remédio. Tive a infelicidade de passar pelo Oliver no corredor, mas apenas ignorei sua existência.

Ao chegar à cozinha, algumas irmãs da igreja estavam ali, e eu me forcei a sorrir para todas elas depois de engolir o comprimido.

Peguei uma garrafa de água e saí para o quintal com passos rápidos, tentando escapar do turbilhão de vozes e das memórias sufocantes que preenchiam cada canto da casa.

O ar lá fora era frio, mas me trouxe um alívio imediato. Eu precisava respirar, precisava ficar sozinha, quieta.

Por um instante, deixei que meu olhar se perdesse no jardim que meu pai tanto cuidava. As flores estavam desbotadas, e a grama um pouco alta, mas ainda assim, aquele era um pedaço do esforço e do carinho dele. Meu olhar então se fixou no velho balanço de madeira, pendurado na árvore que havia crescido junto comigo.

A imagem daquele balanço me fez parar no meio do caminho, e de repente, eu tinha cinco anos de novo, com as bochechas coradas de excitação e o coração disparado pelo presente que meu pai havia feito.

Lembro como se fosse ontem. Depois da minha festinha cor-de-rosa da Barbie, ele me pegou pela mão e me levou até o quintal, revelando o balanço com um sorriso orgulhoso no rosto.

- Agora você pode voar, minha pequena. — Ele havia dito, enquanto me colocava no balanço e empurrava devagar. Eu ria e pedia para ir mais alto, enquanto ele prometia que sempre estaria lá para me segurar caso eu caísse.

A lembrança me atingiu com força, e um soluço preso escapou pela minha garganta.

Caminhei até o balanço, os dedos trêmulos tocando a madeira que estava um pouco desgastada, mas ainda firme. Sentei nele devagar, segurando as cordas que meu pai havia amarrado com tanto cuidado.

Fechei os olhos por um momento, tentando encontrar algum vestígio daquela sensação de segurança e alegria, mas tudo o que restava era um vazio doloroso.

Balancei suavemente, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto enquanto as memórias me consumiam. Cada movimento me lembrava da infância que ele havia me dado, das promessas que ele fez e da dor de saber que nunca mais ouviria sua voz.

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