Millie Quint, é uma jovem de 21 anos que cresceu em Cambridge, Massachusetts, imersa na fé e tradições de sua família religiosa. Determinada a seguir seus sonhos, ela ingressa na prestigiada universidade de teologia em Boston, onde espera encontrar...
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Millie.
- Millie... — Ela começou, hesitando por um segundo. — O que tá acontecendo na sua cabeça? Porque você... se afastou daquele jeito antes?
Eu mordi o lábio, desviando o olhar. Não sabia o que dizer, e aquilo estava me matando.
Olhei para os meus dedos, tentando disfarçar o quão nervosa estava com aquela pergunta.
- É... e aquela casa na árvore? — Desviei completamente o assunto e ela soltou um riso baixo, parecendo perceber que eu fugi da pergunta.
O som da risada baixa dela me fez relaxar um pouco, mas ao mesmo tempo, me deu uma pontada de vergonha por não conseguir ser honesta com ela. Eu só não estava pronta para falar sobre tudo que estava passando pela minha cabeça. Ainda.
- A casa na árvore, é? — Ela repetiu, ainda sorrindo, como se estivesse lembrando de algo. — Ah, essa casa... Eu e o Finneas costumávamos brincar lá o tempo todo quando éramos crianças. Ele vivia inventando histórias de como éramos exploradores, piratas ou sei lá o quê. Com o tempo, ela meio que se tornou o meu refúgio. Sabe? Quando as coisas em casa começavam a ficar complicadas, eu ia pra lá.
- Complicadas como? — Perguntei, um pouco curiosa.
- Ah, você sabe... — Billie encolheu os ombros, passando uma mão distraída pelos cabelos loiros ainda úmidos. — Meus pais sempre brigaram muito. E, bem... fumar maconha ajudava a relaxar. A casa na árvore virou o lugar perfeito pra isso.
Eu pisquei, absorvendo aquela informação. Não era exatamente o que eu esperava ouvir, mas fazia sentido. Tudo sobre Billie era intenso, até as maneiras que ela encontrava para lidar com a vida.
- A maconha... ela acalma seus tiques? — Perguntei, cautelosamente.
Billie assentiu, erguendo um pouco as sobrancelhas.
- Um pouco... no começo acalmava mais, mas agora meu corpo já acostumou. Mas ainda sim, dá uma controlada nos tiques. — Disse simples.
Assenti, focando meu olhar na janela, que dava visão para o quintal, onde a casa na árvore estava.
- Nunca entrei em uma casa na árvore. — Falei, mais para mim mesma, mas Billie ouviu e sorriu, virando o corpo para olhar para onde eu estava olhando.
- Sério? — Perguntou, surpresa. — Nunca?
- Nunca. — Dei de ombros, me sentindo um pouco constrangida.
Billie ficou me observando por alguns segundos, o sorriso brincando nos lábios antes de se levantar de repente da cama, me pegando de surpresa. Ela estendeu a mão para mim, ainda com aquele brilho travesso nos olhos.
- Quer ir lá agora? — A pergunta dela foi direta, sem rodeios.
Olhei para a mão dela estendida e depois para o sorriso em seu rosto. Claro que eu queria ir, mas parte de mim estava hesitante. Era como se entrar naquela casa na árvore fosse um passo a mais para me aprofundar em tudo o que estava sentindo por ela. E isso assustava um pouco, mas também me atraía de uma forma irresistível.
