XI

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4 de Julho de 2004.
Neverland Valley Ranch.
Los Olivos, California.

O helicóptero sobrevoava o Rancho Neverland, me fazendo sentir uma mistura de emoções.

Este lugar, que uma vez foi o refúgio de Michael Jackson, agora parecia envolto de tristeza e desilusão. Era difícil imaginar que um lugar tão cheio de magia e importância para ele pudesse ter perdido seu encanto. Lembro dos relatos sobre como o Rancho Neverland era um santuário para Michael e para outras crianças, um lugar onde ele podia escapar das pressões do mundo exterior e se reconectar com sua criança interior.

Quando criança, eu tinha o sonho de conhecer esse lugar, me imaginando explorando seus jardins, brincando com os animais e sentindo a paz que parecia emanar de cada canto da propriedade.

No entanto, agora, ao ver o rancho de cima, não posso deixar de notar a mudança na paisagem. A invasão policial que o lugar sofreu certamente deixou a sua marca. Era como se a atmosfera de magia e inocência que uma vez permaneceu no Rancho Neverland tivesse sido substituída por uma sensação de tristeza.

Apesar disso, ainda havia uma sensação de magia ao me aproximar para pousar. Eu estava prestes a realizar o sonho da minha infância, mesmo que o lugar não fosse mais o mesmo para Michael. Ainda era um momento significativo para mim.

Ao descer do helicóptero, meus olhos encontraram Michael de imediato. Ele estava lá, vestindo uma camisa vermelha, calças pretas, e óculos escuros ocultando seus olhos. Ele segurava um guarda-sol preto, e tinha um sorriso tímido no rosto.

Com meu próprio par de óculos escuros, caminhei em sua direção, tentando forjar um sorriso leve. Nossos abraços foram automáticos, mas o calor que costumava emanar entre nós parecia ter se dissipado. Um segurança se aproximou, tirando a bolsa da minha mão, um gesto que me fez sentir ainda mais distante.

O clima entre nós era estranho. Michael parecia envergonhado, como se carregasse um peso invisível sobre os ombros. Enquanto isso, eu me sentia apática, como se estivesse apenas seguindo o fluxo das coisas, sem realmente sentir a conexão que costumávamos compartilhar. Era como se estivéssemos nos distanciando, mesmo estando tão próximos fisicamente.

— Então, Beyoncé, o que acha de irmos de trem ou de carrinho de golfe? — Michael perguntou envergonhado:

—Tanto faz para mim, o que você preferir está ótimo. — Respondi apática.

— Vamos de carrinho de golfe, então. Eu mesmo irei dirigir e mostrar um pouco do rancho enquanto vamos até lá. — Ele me olhou, sorrindo tímido.

— Está bem. — Respondi, com um sorriso educado, mas sem muito interesse.

Enquanto Michael dirigia pelo rancho, eu observava atentamente os arredores. O cenário era espetacular, a música clássica, o circo, o lago cintilante e o zoológico ao fundo, todos eles expressavam as extravagâncias de Michael. Eu não conseguia evitar uma sensação estranha ao ver tudo aquilo.

— É realmente impressionante. — Comentei, sem olhá-lo, tentando mostrar interesse enquanto observava cada detalhe.

— Sim, era um lugar mágico. — Michael respondeu, com as mãos firmes no volante do carrinho. — Eu não tenho ficado mais na casa principal. Estou na casa ao lado.

Assenti, processando a informação enquanto observava a paisagem passar. Estava curiosa para ver onde Michael havia escolhido se acomodar no rancho.

Ao chegarmos na mansão onde Michael estava hospedado em Neverland, meu coração se encheu de alegria ao avistar Prince, Paris e Blanket com a babá, esperando por nós. Um sorriso automático surgiu em meu rosto ao vê-los, e eu desci do carrinho de golfe, ansiosa.

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