XLII - Victory Day.

361 16 4
                                    




13 de Junho de 2017.
Los Angeles, Califórnia.
Ronald Reagan UCLA Medical Center.

Abro meus olhos para um mundo de branco, luz intensa e sombras difusas. Pisquei lentamente, tentando dissipar a confusão que envolve minha mente. Uma fisgada aguda corta meu corpo, e involuntariamente deixo escapar um gemido de dor. Meu corpo parece pesado, como se estivessem sido quebrados por dentro. E então, ao erguer meu braço, percebi o frio do soro escorrendo em minhas veias, preso por um acesso.

Ainda em um estado de semi-consciência, os flashbacks da noite anterior invadiram minha mente. Sinto as dores, cada contração, o calor da banheira compartilhada com Michael, minha bolsa estourando antes do tempo e a notícia que o coração de um dos meus bebês parou por um tempo. O rosto aflito de Dra. Clarke é uma imagem que não consigo apagar, seu desespero se tornando o meu.

Tudo depois disso se transforma em um borrão incerto. Tento mover meu corpo, mas cada tentativa é acompanhada por uma nova onda de dor. Minha barriga, embora menor, ainda está inchada, um lembrete de tudo o que aconteceu.

Meus filhos nasceram.

Me recordo vagamente de Michael ao meu lado na sala de parto. Sua presença, mesmo naquela confusão mental, me trouxe conforto. Ele estava lá, compartilhando o peso dessa experiência angustiante comigo.

Meus gêmeos nasceram.

Será que estão bem? Será que mamaram? Como são? Com quem estão agora? Cada pergunta é como uma agulha perfurando minha mente, fazendo minha cabeça latejar em conjunto com a dor física. Meus olhos procuram por respostas no teto branco acima de mim, mas tudo o que vejo são manchas de luz desfocadas. Tudo é tão confuso.

A cama de hospital se transforma em meu mundo momentâneo, mas a verdadeira batalha está além dessas paredes brancas. Meus filhos, pedaços do meu coração, estão lá fora, e eu me sinto presa, ansiosa para abraçá-los, para ter certeza que estão bem. Não importa o quão forte a dor seja, meu instinto materno me impulsiona a apertar o botão ao lado da cama.

Segundos depois a porta se abre, revelando Dra. Clarke e uma enfermeira, a mesma enfermeira que esteve cuidando de mim em casa. Dra. Clarke sorri fraco, e se aproxima em passos lentos com uma prancheta em mãos.

— Que bom que acordou. — Sorriu fraco. — Como está se sentindo?

— Estou bem. — Tento falar, mas minha voz sai entrecortada. — Meus bebês?

— Estão bem. São pequenos guerreiros que lutaram bravamente. — Me assegurou. — Estão com o papai na UTI.

— UTI? Por quê? — Minha voz sai num sussurro carregado de apreensão. A preocupação se reflete nos olhos de Dra. Clarke, que troca um olhar rápido com a enfermeira ao seu lado.

— Beyoncé, seus bebês nasceram antes do tempo, e nesses casos, é comum que precisem de cuidados especiais. Sir, especialmente, teve algumas complicações, mas está respondendo bem ao tratamento. Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para garantir que cresçam fortes e saudáveis.

Um nó se forma em minha garganta, a notícia ainda mais difícil de engolir do que a dor física que sinto. Sir, meu pequeno guerreiro, enfrentando batalhas antes mesmo de dar seus primeiros passos no mundo. Michael está lá, na UTI, com eles. Minha vontade de vê-los, de tocá-los, de assegurar que estão bem, torna-se avassaladora.

— Posso vê-los? — Pergunto, mesmo sabendo que a resposta pode não ser o que desejo ouvir.

— Infelizmente não. — Suspirou, me olhando com compaixão. — Beyoncé, eu sei que é difícil, mas neste momento, é crucial que você mantenha o repouso absoluto. Sua cirurgia foi muito complicada, e qualquer esforço pode comprometer sua recuperação. Seus bebês estão recebendo os melhores cuidados na UTI, e logo que possível, você poderá vê-los e segurá-los em seus braços.

Butterflies | EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora