XLIV - Beychella.

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"Para mim, somos as criaturas mais bonitas do mundo inteiro, os negros. E quero dizer isso em todos os sentidos."
— Nina Simone


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Dezembro de 2017.
Los Angeles, California.

Eu cresci em Houston, Texas, visitando Praire View, uma universidade. Eu e as meninas dos Destiny's Child crescemos ensaiando na TSU (Universidade do Sul do Texas), na terceira ala, e eu sempre sonhei em estudar numa universidade para negros. Minha faculdade foi o Destiny's Child. Minha faculdade foi viajar o mundo, a vida foi minha professora.

Eu queria uma orquestra de negros, eu queria step dance, precisava de backing vocals, queria gente diferente, não queria que fizéssemos a mesma coisa. E os estilos de gingados são infinitos. As coisas que esses jovens fazem com seus corpos, a música que eles tocam, o rufar dos tambores, os cortes de cabelos, os corpos... eles tem tanto estilo.

Quatro meses se passaram desde que mergulhei de cabeça nos preparativos para o Coachella. Foram meses de intensos ensaios de banda, reuniões intermináveis, e uma estudo profundo na minha história e na minha carreira. Cada acorde, cada batida, cada palavra cantada foi meticulosamente trabalhada para criar uma experiência inesquecível no palco.

Selecionar o time de dançarinos foi como escolher as peças de um quebra-cabeça, eu queria diversidade, queria energia, queria sentir a vibração das batalhas de fanfarras que marcaram minha infância. Queria que o palco pulsasse com a mesma paixão que eu sentia ao assistir essas performances.

Michael esteve lá a cada passo do caminho. Mesmo imerso em seus próprios projetos, ele encontrava tempo para me dar conselhos valiosos, observações profissionais, e, acima de tudo, seu apoio. Ver Rumi e Sir crescendo, agora com seis meses, e saber que eles podiam estar perto de mim durante os ensaios, era reconfortante.

Cada dia era um equilíbrio delicado entre os ensaios, o tempo com meu marido, e a atenção aos meus filhos. Mas cada momento, cada desafio, valia a pena ao ver a visão do Coachella ganhando vida diante dos meus olhos. Era mais do que uma apresentação - era uma celebração, uma jornada através dos altos e baixos da minha carreira, a minha festa de ex-alunos de duas horas em um palco.

Após quatro meses de ensaio de banda, hoje era o primeiro dia de ensaio de dança para o Coachella, um momento esperado e cheio de emoção para mim. Voltar à dança era como voltar para casa, mergulhar em algo que fazia parte da minha essência. Os meses de preparação, entre treinos na academia e uma dieta rigorosa, me prepararam neste momento.

Durante os últimos meses, para que eu não voltasse enferrujada, todas as manhãs, antes mesmo do sol nascer, meu marido me convidava para dançar com ele em nossa sala de dança. Era mais do que um exercício físico em conjunto; era uma conexão, uma maneira de nos conectarmos ainda mais. Seus passos eram precisos, suas instruções claras. Eu seguia seus movimentos com uma facilidade que o surpreendia às vezes, como se dançar estivesse gravado no nosso DNA. A música nos envolvia, nos unia, enquanto dançávamos juntos em perfeita harmonia.

Ao entrar no galpão, senti uma onda de determinação me envolver. Vestindo uma calça legging, camiseta preta e tênis de corrida, e carregando uma garrafa de água, me senti determinada para o primeiro dia de ensaio para o Coachella. Logo atrás de mim estavam Michael, Bigi e Blue, me dando todo o apoio possível nesse momento.

Durante minha gravidez, enfrentei desafios como toxemia, pré-eclâmpsia e até mesmo uma cesárea de emergência, todas essas dores me fizeram forte, me fazem sentir a confiança que eu preciso, me lembrando da força que precisei encontrar durante esse período. Agora, encaro os ensaios como mais uma etapa a ser superada, pronta para enfrentar os desafios que se apresentam.

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