IV

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1 de Fevereiro de 2004.
Reliant Stadium.
Houston, Texas.









8 Fevereiro de 2004.
Staples Center.
Los Angeles, Califórnia.

Eu havia sido indicada seis vezes ao Grammy pelo meu álbum, Dangerously in Love. O ano de 2004 nem havia começado direito e eu já estava me surpreendendo positivamente.

Em janeiro, decidi dar um passo significativo e me mudei para minha própria casa. A independência tinha um sabor peculiar, misturado com a estranheza de viver sozinha. Mesmo assim, a presença constante de amigos e funcionários suavizava a minha solidão. Era o momento de trilhar meu caminho, construir minha vida de forma independente e confiante como eu sempre quis.

Michael Jackson. Esse nome não saía da minha mente. Mais de dois meses após o ano novo, e eu não conseguia apagar da mente os momentos compartilhados com aquele homem. Eu ainda recordava os olhares, toques sutis e risos trocados naquela noite. A conexão entre nós era mútua e inexplicável. Muitas das vezes eu me sentia tola por dedicar tanto espaço em meus pensamentos a uma noite que talvez não tivesse a mesma importância para ele.

Desde então, não havíamos nos falado. Minhas únicas informações sobre ele vinham de notícias em jornais sobre seus raros passeios. A vida de Michael permanecia reservada e privada, algo que eu compreendia e respeitava.

Ao descer do carro na 46ª edição do Grammy, senti o peso da noite, minha primeira cerimônia como artista solo. Olhei ao redor, vendo o tanto de pessoas, seguranças, fotógrafos e fãs presentes. Era um sonho, um cenário que talvez nunca me acostumasse.

Caminhando pelo tapete azul do evento, sorri para fãs e fotógrafos, me sentindo extremamente confiante e deslumbrante em meu vestido dourado, uma criado pelas mãos incríveis de minha mãe, Tina. Posei no painel de fotos, como eu já imaginava, enfrentando perguntas indiscretas sobre minha vida pessoal, principalmente meu recente término. Sorri, ignorando todos os questionamentos, focada em apenas na minha jornada no Staples Center. A noite prometia ser inesquecível.

Assistindo à cerimônia, me envolvi nas performances e discursos, absorvendo cada instante. Logo fui chamada para trocar de roupa, preparando-me para uma apresentação ao lado do lendário Prince, outro um ídolo que eu admirava profundamente

Nossos ensaios foram intensos, e meu instinto de colecionadora me levou a pedir a Prince para gravar os momentos. Sua resposta sábia ficou gravada na minha mente: "Você não precisa gravar isso, você já tem tudo registrado na sua mente." Um conselho que eu, definitivamente, levaria para sempre comigo.

No palco, Prince iniciou sozinho, descendo as escadas enquanto tocava os primeiros seus versos e acordes de "Purple Rain". Me juntei a ele, surgindo pelas escadas laterais com um vestido rosa brilhante. Juntos, entrelaçamos nossas vozes e transicionamos para "Baby I'm a Star". Prince, como um bom dançarino excepcional, deixou a guitarra de lado, se juntando a mim e aos meus dançarinos. Em seguida, assumi o palco com um interlúdio de "Crazy In Love", enquanto Prince misturava a canção com seus solos de guitarra antes de entrarmos em "Let's Go Crazy". Eu tocava pandeiro e dançava ao redor dele, selando nosso ótimo desempenho em conjunto.

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