7 de Fevereiro de 2016.
Levi's Stadium, Califórnia.
Super Bowl 50.Respiro fundo algumas vezes tentando manter a calma. Mantenho meus olhos focados no espelho a minha frente enquanto minha mente dá voltas e voltas.
Minha mãe está sentada na cadeira à minha frente conversando comigo tentando fazer com que eu relaxe antes do show começar.
Esse Super Bowl será um divisor de águas na minha carreira.
Quanto custa entrar para a história?
Há alguns meses atrás Michael e eu conversávamos em nossa cama e ele me contava sobre o quão difícil era o racismo na época que ele entrou na indústria. Ele era apenas um menino de 11 anos que teve que engolir piadas e xingamentos de todos os tipos apenas por ser um negro talentoso.
Felizmente o racismo não foi o suficiente para destruir a carreira de Michael, diferente de outros artistas negros que vieram antes dele e não tiveram a mesma sorte. Michael sempre foi um fenômeno a frente de seu tempo, sempre revolucionando e se recriando de diferentes formas. Tudo o que ele tocava, virava outro. Ele era. Ele ainda é o maior do mundo.
Nesse mesmo dia Michael me contou sobre os boicotes que sofreu com o Grammy e outras premiações. Eles foi extremamente boicotado com o álbum Off The Wall, o que lhe rendeu apenas um Grammy. Naquele dia Michael entrou em contato com algumas revistas para denunciar o racismo que vinha sofrendo na indústria. O que aconteceu? As revistas lhe viraram as costas.
Anos mais tarde Michael parava não só a indústria, como o mundo, com o lançamento de Thriller, o álbum mais vendido de todos os tempos. Ele sempre fora Michael Jackson, mas naquele momento, ele era o maior de todos, o intocável.
8 gramofones em uma noite, bateu recorde de premiação e de audiência. Mas nem isso foi capaz de parar o racismo que ele sofria. Naquele momento uma indústria formada por brancos era obrigada a engoli-lo goela a baixo.
Michael nunca ficou calado diante do racismo, sempre se posicionou e denunciou através de sua arte. Quando mais ele se posicionava, mais o atacavam.
Falavam do seu cabelo, do seu nariz, do seu tom de pele, da sua voz até decidiram calúnia-ló com uma acusação de pedofilia. A mídia racista o queria morto. E quase conseguiram.
Hoje eu estou aqui, me preparando para entrar no palco do maior evento de esporte dos Estados Unidos. Prestes a exaltar as minhas raizes e denunciar o racismo que a minha família vem sofrendo há anos.
Falaram de mim, falaram do meu marido, falaram do cabelo da minha filha que é apenas uma criança. Eu sei que talvez eu esteja prestes a enterrar a minha carreira com a minha manifestação de hoje. Mas eu não tenho medo.
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Butterflies | EM REVISÃO
Novela JuvenilNo início dos anos 2000, Michael Jackson se vê novamente apaixonado. Uma mulher mais nova, cheia de vida e com um enorme sucesso pela frente desperta sentimentos que o cantor não sentia há anos. Entre idas e vindas, um relacionamento escondido e co...