Manual para piratas e princesas rebeldes

Passo quatorze: Seja teimoso

— O que tanto conversaram afinal?? — Noah questionava o irmão.

— Eu já disse, isso não importa! — Raven responde impaciente. — Nós vamos atrás de outra pessoa, pode ser qualquer um da realeza!

— Mas e a sua vingança contra Lavander, por terem matado seu pai? — Brisa questiona, fazendo Raven a amaldiçoar internamente por ter lembrado do fato.

— É Raven, e a vingança?? — Noah questiona, pondo suas mãos na cintura. — Nós vamos demorar mais tempo para sequestrar outra pessoa, e mais tempo para levá-la até a ilha dos corais!! Sua maldição está se espalhando rápido, você mesmo me disse!

Raven se mantém em silêncio, sem saber o que dizer ao irmão. Na mesma hora, a porta da sala é aberta por Ryo, que chama a atenção dos tripulantes. O feiticeiro logo nota a tensão no local.

— Eu voltei… — O albino diz, estranhando.

— Como foi a conversa com a “pessoa misteriosa”? — Sam questiona, tentando descontrair.

— Isso não importa! — Ryo responde, fazendo Sam o encarar emburrado. — O capitão já tem um novo plano?

— Ainda não tive tempo pra pensar, principalmente com meu irmão berrando em meus ouvidos! — Raven alfineta. — Eu pensei que você era contra a ideia de sacrificarmos a princesa, Noah.

— Sim, mas Ray, eu não quero que você morra, você é meu irmão! Se um sacrifício é a única forma de te manter vivo, nós faremos isso! — Noah responde. — Eu só quero entender o motivo de ter demorado tanto para voltar! Se tivesse sido mais rápido, poderíamos ter conseguido trazer Annie de volta!

— Escuta, por acaso quer começar um motim contra mim?? Você não estava lá, não sabe direito o que aconteceu!! — Raven se levanta estressado e começa a andar pelo cômodo. — Eu vou me deitar, e penso sobre isso de manhã, estou cansado das suas reclamações, se quer realmente ajudar, comece pensando em alguma princesa ou príncipe que podemos sequestrar!!

Antes mesmo que Noah responda, Raven sai do cômodo e bate à porta com força, deixando seus tripulantes sozinhos e um clima tenso instalado no local.

Ele volta a seus aposentos e fecha a porta, em seguida se joga em sua cama, se sentindo completamente exausto. O capitão passa suas mãos sobre seus olhos e sente lágrimas começarem a escorrer sobre seu rosto.

Tudo aquilo era confuso para ele, aquelas conversas que havia tido com Annie, por que ele havia dito aquelas coisas para ela? Era para ele querer matá-la, se libertar da maldição e se vingar do reino, mas ele não sentia que queria aquilo.

Aqueles dias em que haviam passado na ilha fizeram ele sentir isso ainda mais forte em seu peito. Ele só conseguia se sentir culpado por tê-la machucado, porque percebeu que teve as mesmas atitudes de Kenny e Emily, prendendo seus pulsos e a ameaçando.

Raven estava ficando com pena da garota, principalmente pelo fato de que a princesa não sabia que ela era seu sacrifício. Aquilo começava a parecer injusto, afinal ela não era a culpada pela morte de seu pai. Annie ainda era uma criança quando aquilo aconteceu, assim como Raven.

De qualquer forma, tudo aquilo era extremamente complicado, a pouco tempo ele havia realizado seu sonho que o acompanhava desde pequeno, ter conseguido entrar na comissão, então por que ele não se sentia feliz?

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Os corpos dos piratas estavam sendo retirados aos poucos das ruas de Lavander, os que ainda estavam vivos, eram jogados nos calabouços do palácio, para ficarem presos em celas até o dia de amanhã, quando ocorreria a forca. Porém, os que haviam sido mortos, eram jogados no mar, para servirem de alimento para as criaturas marinhas.