vuelvo a verte

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Flashback

Giovanna

Já fazia um mês da última vez que consegui falar com Alexandre por telefone. Não sei o que mudou nesse tempo, mas ele simplesmente desapareceu.

Alma não sabia o que me dizer. Minha mãe fingia que Alexandre nunca existiu. Parecia que eu estava vivendo uma realidade paralela.

Eu não conseguia mais me alimentar direito, tamanha minha ansiedade. Estava tudo uma merda. Não conseguia me concentrar nas aulas pelo sono infinito, não conseguia curtir uma praia para relaxar porque meu corpo estava me incomodando e não conseguia falar com o meu namorado.

Se é que chegamos a carregar esse status em algum momento.

— Giovanna, já está acordada? — Minha mãe me chamou.

— Pode entrar, mãe.

— O que é isso? — Perguntou vendo a bagunça que estava na minha cama.

— Nenhuma calça está fechando. — Reclamei tentando subir o zíper da minha última opção.

— O que que você foi arrumar, menina... — Mamãe balançou a cabeça como se sentisse muito mais do que eu os meus quilos a mais.

— Já já eu emagreço, no verão já vou estar usando 34 de novo. — Tentei sorrir.

— Não, Giovanna. No verão você vai estar usando vestidos largos. — Ela disse com resignação. Não estava entendendo onde ela queria chegar. — Chega de mentir, não posso mais fazer vista grossa pra isso.

— Isso o quê, dona Marta? — Perguntei com um sorriso nervoso.

— Você e Alexandre transaram, não transaram? — Eu fiquei tonta com seu confronto tão direto, achei que nunca falaríamos disso.

— Nós vamos morar juntos quando ele voltar, mamãe. — Confessei com vergonha.

— E decidiram isso antes ou depois da gravidez? — Ela soltou uma bomba em meu colo e eu caí sentada na minha cama.

...

No banheiro da escola, eu me deparei com o positivo do teste de farmácia. Não pude chorar, não quando precisava voltar para a sala de aula e fazer uma prova.

A primeira coisa que fiz ao sair foi ir aos correios, fiz uma carta para Alexandre e coloquei o teste dentro do envelope. Meu filho me deu uma esperança de que tudo ficaria bem, ele voltaria para cuidar de nós dois.

Continuei tentando contato por telefone e e-mail, mas ele nunca respondeu.

Não até pouco antes do Natal, quando recebi uma carta sua.

"Querida Giovanna,

Eu sei que não tenho estado tão presente quanto imaginamos que eu estaria, mas tenho pensado em você todos os dias desde que voltei. Recebi sua carta, ainda estou assimilando que teremos um filho. Estou feliz, confesso.

Pensei muito sobre o que faremos, acho melhor que você vá para a casa de uma irmã da minha mãe em Curitiba, assim poderá ter uma gravidez tranquila, se bem conheço o pessoal dessa casa, eles não vão te dar paz.

Estou mandando dinheiro suficiente para você comprar sua passagem para lá. Vá de avião e procure pela minha tia. No verso, deixei o endereço e telefone.

Com carinho,

Alexandre."

Por sorte, eu engravidei no meu último ano escolar, pude pelo menos passar a metade final da gestação em paz, como ele aconselhou, e me preparar para cuidar do nosso filho.

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