desde cuando

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Oie, venhaí um capítulo de teor familiar, é o tipo de coisa que amo escrever, mas não tem nada demais nisso... só eles sendo família e algumas revelações para não deixar certas coisas jogadas na história.

Boa leitura, nenas

*

Nosso Natal foi marcado pelo anúncio que ninguém esperava: Cleo e William teriam um bebê.

Eu levei um choque, não esperava por essa. Nico ficou todo serelepe e saltitante, amou a ideia logo de cara. Alexandre não parecia surpreso, provavelmente não estivesse mesmo, conhecendo a relação dele com a ex, tinham conversado previamente para encontrar a melhor forma de contar ao pequeno.

O bebê "mandou" um presente pro irmão mais velho. Um skate grafitado com Big Bro.

Não tive muita reação, os felicitei, mas não com a mesma euforia dos outros. Dei meu melhor para parecer alegre durante nossa ceia, tentei rir das piadinhas que Alexandre jogou para Will e das que recebeu de volta... mas foi impossível.

Mais impossível ainda quando sobrou pra mim.

— Quero ver você bater meu recorde numa troca de fralda, Will! — Alexandre se gabou cortando um pedaço de chocotone para me servir.

— Isso é um desafio? — O mais novo perguntou arqueando a sobrancelha.

— Não era, mas agora pode ser! — Meu noivo devolveu.

— Então encomenda um por aí logo, quando nascerem a gente faz uma Olimpíada de cuidados paternos. — Will gargalhou e eu me calei.

Fiquei séria, larguei minha sobremesa no prato e o clima pesou. Eles todos estavam rindo, mas bastou olharem pra mim para se calarem. Mais uma vez, a Giovanna traumatizada cortou o barato.

— Nós ligamos o cronômetro, mais fácil. Eu e a Gica não planejamos encomendar bebês por aqui. — Alexandre respondeu por mim e segurou minha mão por baixo da mesa.

— Vocês não vão ter bebezinhos? — Nico perguntou já com aquele bico de emburrado se formando.

— Não, cara. Nós já temos o suficiente. — Seu pai respondeu atenciosamente.

— Mas vocês precisam ter um bebê! Eu quero uma irmãzinha! — Cruzou os braços puto da vida, ameaçando chorar.

— A mamãe ainda não sabe o sexo do bebê, filho. Pode ser uma menina. — Cleo interveio.

— É um menino, mamãe! Eu sei! Foi o que eu pedi pro Papai Noel, vocês iam me dar um irmãozinho e o papai e a mamuska uma irmãzinha.

— Bichinho, você já tem a Valen. — Tentei sorrir.

— Não serve! A Valen é mais velha do que eu, eu quero uma irmãzinha pequenininha igual a do Pedro! — Nessa altura ele já estava chorando e eu já estava querendo fugir dali.

Olhei em desespero para Alexandre, na esperança de que ele pudesse fazer algo, sentia meus olhos cheios de lágrimas e meu coração acelerando. Eu estava prestes a explodir em uma crise de ansiedade.

De repente todo mundo ficou monotemático: você precisa ter outro filho, Giovanna.

Não aguentava mais falar sobre isso. Em casa, com amigos, com psicóloga, com psiquiatra, até com funcionários. Não sendo o bastante, até com uma criança de 5 anos.

Eu sabia que precisava sair dali, estava a um passo de hiperventilar. Eles falavam, mas eu já não ouvia.

Meu estômago embrulhou e eu saí correndo da mesa para a suíte que estava ocupando com Alexandre. Entrei desesperada no banheiro e me ajoelhei em frente ao vaso e comecei a vomitar. Não demorou muito para que eu sentisse mãos delicadas afagando minhas costas e segurando meus cabelos.

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