guerra fria

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Oi, nenas! Esse capítulo tá muito emocional, pode despertar amor e ódio na mesma proporção. Eu poderia fazer o suspense do que acontece depois dele, mas não aguento mais vocês querendo meu lindo pescocinho, então já esclareço que ele era o que faltava para darmos início ao fim do arco dou - não dou.

Boa leitura.

XOXO

Eu achei que Alexandre estava brincando, mas ele estava falando sério. Os dias que se seguiram foram de total silêncio entre nós dois, nem mesmo Nico conseguiu me fazer topar com o pai dele.

Estava puta de raiva. Fui até a casa dele no meio da noite, me declarei e essa porra me dispensou depois de me comer? Ah, faça-me o favor! E depois a imatura sou eu.

O final de ano se aproximando já me estressava o suficiente, agora ainda tinha que dar conta de ficar explicando pra uma criança o que tinha acontecido entre eu e o pai, porquê nunca mais fomos à praia juntos ou tomamos sorvete. Eu estava sofrendo igual uma desgraçada com essa situação toda.

Valentina tinha problemas suficientes para me deixar preocupada também. Suas notas na faculdade estavam baixas, eu precisei lhe dar um recesso do trabalho para que pudesse focar nos estudos e acabei ficando sobrecarregada, mas a prioridade sempre seria ela.

Além disso, o velho ficou uns dias internado e Valentina ficou sabendo. Eu via sua confusão de sentimentos em relação a ele, era uma mistura de mágoa, pesar e amor. Eu seria muito ingênua se não reconhecesse que minha filha o ama, afinal, foi ele quem a criou.

— Mãe, a Mimi disse que ele chegou em casa hoje. — Ela falou quando me entregou uma xícara de chocolate quente.

— Você quer vê-lo, não quer meu bem? — Perguntei já a acomodando nos meus braços, estávamos no sofá.

— Eu odeio querer, mas quero. — Confessou triste.

— Tudo bem, Valen. Se tem uma coisa que eu aprendi nos últimos meses é que o coração é uma coisinha indomável, você deve fazer aquilo que não vai te pesar no futuro. — A confortei como pude. Pra mim essa estava sendo a parte mais difícil da maternidade: tirar meus próprios interesses de campo e colocar suas necessidades acima disso.

— Mas mãe, o que eu vou falar com ele? A última vez foi desastrosa.

— Não precisa falar se não quiser, só faz o que achar melhor, filha.

— Obrigada por isso, de verdade. Eu te amo muito, mãe. Muito mais do que eu imaginei que poderia amar a mulher que me colocou no mundo. — Ela disse com os olhos cheios de lágrimas e eu desmanchei no choro mais esperado da minha vida.

Era a primeira vez que Valentina me falava aquilo de uma forma tão aberta e direta, e era a primeira vez que eu sentia meu coração explodir e continuar batendo.

— Eu também te amo, nena. Muito mais do que eu pensei que podia amar uma criatura que eu coloquei no mundo. — Apertei-a ainda mais.

...

Não posso negar minha surpresa ao descobrir que o velho queria falar comigo. Foi um choque. Não estava preparada para isso. Nem ao menos podia conversar com Alexandre para discutir o que fazer, ainda estava puta com ele e não daria o braço a torcer outra vez.

Precisei chegar sozinha a uma conclusão que me custou duas noites de sono. Eu sabia que mais dia, menos dia, eu precisaria encarar minha mãe também. Precisava entender que caralhos se passou na cabeça dela para ser cúmplice do pai de Alexandre, e tinha o meu pai... tudo bem que ele era o menos envolvido, mas sua omissão não era menos importante.

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