4. festa do pijama

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ANA BEATRIZ
jardim anália franco, sp


Eu não conseguia acreditar, mas eu tava me divertindo pra caramba com eles.

Depois que o vagabundo do Kaique e a safada da Rafaela saíram do quarto, ficamos conversando sobre coisas muito aleatorias, que variavam de teorias da conspiração sobre desenho animado a um bate cabeça maduro, sobre como a responsabilidade de ser artista pesa.

E por Deus que no caminho pra cá eu pensei que seria uma noite ruim. Aonde eu teria que assistir um bando de homem com o ego inflado falando sobre drogas, mulheres e sexo, assim como sempre foi quando o assunto é trapstar. Mas esses caras eram diferentes.

— Caraí, tá tarde. — G.a disse só percebendo isso quando o sol começou a aparecer na janela da sala.

— Tarde não irmão, tá cedo. — Veigh corrigiu o óbvio.

De todos ali, ele era uma incógnita pra mim.

G.Hard era o típico menino humilde, que gosta de brincar, mas nem tanto. De todos eles era o mais sério. Agora o G.A ele era o mais bobo, que faz piada a cada segundo, e se ele não fosse tão engraçado seria um chato. Mas o Veigh, eu não consegui ler.

Ele não era diferente dos meninos, mas eu não sei. Algo ali tinha que me deixava com um ponto de interrogação bem no meio da minha testa.

— Dorme aí. Mó rolê pra vocês ir agora. — Kaique tentou convencer.

— Se falar mais uma vez nós aceita. — Veigh se fez.

Eu queria mesmo que eles ficassem, não tenho ideia de quando posso ver eles de novo.

— Aí, não faz docinho. — Brinquei chamando a atenção dele pra mim.

Quando ele disse que se intimidava com mulher bonita, eu achei que ele tava tirando uma com a minha cara, mas todas as vezes que eu falo diretamente com ele, sinto ele ficar nervoso.

— Vou lá pegar então as coisas pra vocês dormirem aqui. — Rafa falou já levantando pra ir pro quarto.

Eu até pensei ir ajudar ela, mas eu tava com tanto sono que era capaz de ficar por lá mesmo.

— O sofá é meu, hein! — Avisei mesmo sabendo que eles não disputariam comigo.

— Cês são pessimos anfritriões, mano. Vão botar nós pra dormir no chão. — G.Hard falou negando com a cabeça.

— O sofá é meu há anos já. Se quiserem dormir os três lá na cama do Kaique, aí pode ser.

Meu best me lançou um olhar indgnado. Mandei um beijo completamente sínico.

— Não rapaziada, nós vai fazer um esquema da hora pra vocês aqui no chão.

— Fica de boa irmão, nós dorme até na cozinha. — Veigh falou num tom tão sério que eu poderia apostar ser verdade.

— Eu só vou se você for minha conchinha, irmão. — G.a respondeu o amigo, me fazendo rir sozinha imaginando a cena.

Logo a minha amiga chegou na sala com um monte de travesseiro e cobertores.

— Acho que tem um colchão de casal lá na área. — Rafa disse prestativa, como sempre foi.

Essa era a linguagem de amor dela. Atos de serviço.

— Deixa que eu pego lá, mô. — Kaique deu um selinho nela indo pro corredor que dava acesso pra cozinha.

Rafaela ficou com cara de tonta na sala, parecendo ainda estar sobre o efeito dele.

Em pouco tempo eles conseguiram se virar e fazer um cantinho suave pra dormir. E eu também coloquei meu travesseirinho e minha coberta no sofá do duro do Kaique, enquanto os pombinhos nem pensaram muito em se enfiar pra dentro do quarto.

— Tô me sentindo fazendo a festa do pijama, rapaziada. — G.a disse se jogando no colchão, bem no meio do Veigh e G.Hard.

— Sem tumultuar, parca. Por favor!? — G pediu com seriedade.

Eu só observava os três, que mais pareciam três irmãozinhos.

— Posso fazer uma pergunta? — Eu interrompi eles já fazendo uma pergunta.

— Chora, Bibia. — G.Hard respondeu.

— Qual o nome de vocês mesmo?

Eles se entreolharam como se tivessem bolando um plano. E por mais besta que tenha sido, foi engraçado.

Na real tudo que eles fazem parecem muito engraçado.

— Isso a gente só conta depois do segundo encontro, parceira. — G.a deu uma de difícil e eu fiquei quieta, mostrando que esperava alguma resposta.

— Meu nome não é Igor. — G.Hard fez referência ao Ig e os três riram e fizeram toques, como se aquilo tivesse sido a coisa mais engraçada do universo.

Foi realmente engraçado, mas segurei muito pra não rir. Só fingi uma cara de tédio.

— Brincadeira, Bibia. — G se corrigiu depois da brincadeira. — Meu nome é Gustavo.

— O meu é Gabriel.

— O meu é Thiago. — Veigh quis fazer parte do momento.

— Jura? — Perguntei pro querido dos prédios, que piscou pra mim, antes de fechar os olhos para tentar dormir.

Acho que ali foi o nosso encerramento. Não se ouvia mais nada além dos estalos que a geladeira fazia.
Com aquilo eu fui deixando o sono me ganhar aos poucos.

CONFISSÕES | veigh.Onde histórias criam vida. Descubra agora