14. novinha terrível

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Thiago Veigh
vila olímpia

Brigado, irmão. — Falei irônico com o Gu.

  No momento que eu sentia que a gente ia dar um passo a mais, esse cara me chega dizendo que o Kay tá chamando ela.

— Oxi, por que?

  Estalei a língua negando com a cabeça.

— Nada não... Achou o G?

  Era melhor ele não ficar sabendo ainda do meu lance com a Bia, se não ele vai querer barulhar.

— Achei, ele tá com o Nagalli ali atrás.

— Vamo lá!?

   Não esperei uma resposta do Gustavo, mesmo que ele não saiba o que interrompeu, fiquei meio irritado por ter batido na trave. Mas é isso, próxima eu desenrolo melhor.

  Fomos pra onde tava os moleque da minha gravadora e por lá ficamos.
  Eu até tentei achar a Beatriz com os olhos, mas ela tinha evaporado do nada.

[...]

— Eita porra. — Nagalli falou do meu lado.

— O que? — Perguntei meio perdido.

Foi então que eu percebi que a maioria da rapaziada ali estava com os olhos focados em algo.
Rolei meu olhar como se tivesse seguindo um fio invisível até eles congelarem na Beatriz rebolando com a irmã do Kay.

Por isso eu não esperava.

— Que isso, Bibia. — G.a falou tão chocado quanto a maioria ali.

Eu precisei de uns poucos segundos pra sentir o meu corpo se acender. Consegui me imaginar atravessando todas aquelas pessoas e beijando ela bem ali.

— Essa vai especialmente pra minha menina terrível. — A voz do Kay apareceu na caixa de som, mas eu não consegui achar aonde ele tava.

Logo o funk mudou pra uma batida que eu conhecia bastante.

— Deixa o livro de lado... — Cochichei voltando o olhar pra Beatriz, que não rebolava mais, mas dançava de forma animada e ao mesmo tempo tão... Eu não sei nem explicar.

— Olha o Veigh, mano. — Nagalli zoou, mas eu não me dei nem o trabalho de desviar o foco.

— Disfarça irmão, cê tá quase babando. — Gu também entrou na onda.

Tomei um pouco do meu energético, ainda sem tirar os olhos dela, e sem ligar pra zoaçao atrás de mim.

Quando eu menos espero, Bia me lança um olhar, parecendo que sabia que eu estava olhando pra ela.

— Ih. — Um coral atrás de mim também mostrou perceber nossa troca. E aquilo me irritou.

— Cês tão bobo? — Perguntei me virando pra eles.

Os que eu menos tinha intimidade automaticamente se ligaram que eu tava falando sério, mas o resto continuou.

As vezes os cara não sabe a hora de parar, isso que é foda.

Neguei com a cabeça e fui pegar outro energético, mas antes deu conseguir sair da multidão, alguém puxou minha mão, me fazendo automaticamente parar e olhar pra trás.

— Ta fugindo?

Era ela.

— Opa, novinha terrível. — Brinquei com a referência do som do Pikeno e Menor.

— Gostou? — Deu um sorriso largo que passaria muito uma vibe, mas o olhar malicioso não deixou.

Aquela era a minha hora.

Me inclinei pra conseguir alcançar seu ouvido.

— Me tira daqui pra eu te mostrar um negócio. — Até tentei brincar, mas não dava pra disfarçar o meu tom de voz.

Beatriz não falou nada, apenas me olhou sem aquele sorriso grande e saiu me puxando pela mão.

Eu não tinha ideia pra onde ela iria me levar, mas atava confiando cem porcento.
Passamos por um corredor que era bloqueado pra festa, e no final dele tinha um tipo de estufa.

— E aí, vai me mostrar o que? — Virou de frente pra mim com um sorrisinho divertido.

Qualquer timidez que tinha dentro de mim sumiu.

Segurei firme a cintura dela e num gesto rápido puxei pra mim. Beatriz perdeu o riso e amoleceu no meu braço.

Não falei mais nada, apenas encurtei os únicos centímetros que separava a gente e beijei sua boca, que tinha um leve gosto de manga.

Me arrepiei no momento que a unha dela fez um carinho na minha nuca, e ela pareceu perceber isso, já que deu um suspiro.
Pra me vingar, pressionei mais a cintura dela pro meu corpo e mais uma vez ela fraquejou.

CONFISSÕES | veigh.Onde histórias criam vida. Descubra agora