18. gica e tico!

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Thiago Veigh
Tatuapé, SP

Assistia a Bia devorar o lanche do Popeyes que ela me obrigou a comprar igual. E mesmo não sendo fã de frango, eu tinha curtido bastante.

— Fala aí, não é o melhor lanche possível? — Disse depois de engolir.

— Eu gostei, mas um méqui não tem igual. — Fui sincero.

— Que nada, lá eles fazem lanche com papel. — Falou séria, e isso me fez achar graça. — É sério. Agora Popeyes não, é simples, saboroso e barato! Muito barato. Você deveria ter deixado eu pagar pelo menos o meu.

Neguei rápido.

— Aonde já se viu, um cara convidar a mina pra um encontro e deixar ela pagar a comida? — Perguntei, mesmo sabendo que existiam muitos casos, até mesmo rachar. Mas comigo não tem isso nem quando eu era quebrado.

Beatriz sorriu tímida.

— É engraçado pensar que eu tô num encontro. — Ela disse, me mostrando um lado que eu não via.

— Oxi, mano. E você nunca foi pra um encontro? — Minha indignação foi tanta que ela ficou completamente sem jeito. Aquilo me fez me sentir meio mal, por fazer ela se sentir assim.

— Não. — Deu de ombros, voltando a morder o lanche.

— Foi mal ficar indignado, mas é chocante saber. Tipo, você é muito da hora, muito desenrolada e tão bonita, que isso nem faz sentido. — Me justifiquei.

— Não é como se eu nunca tivesse tido relacionamentos, ou saído com outras pessoas. Mas eu nunca fui convidada pra um encontro realmente. Tipo, sempre foi um... "tô de bobeira, vamo se trombar".

Ali as peças começaram a se encaixar.

— Que bom que eu sou o primeiro nisso então.

— É, mas não se cresce não, tá? — Ela brincou.

— Cineminha depois? — Sugeri.

— Sabe o que tá em cartaz?

Neguei, mordendo o último pedaço do meu lanche.

Ficamos ali conversando mais um pouco, até decidirmos largar da preguiça e ir jogar os restos no lixo.

— Tudo menos terror, beleza? — Ela falou, voltando a andar em uma direção que eu não fazia ideia de onde daria. Porém, segui.

— Tem medo?

Por um impulso, e por ouvir os meus pensamentos intrusivos, eu segurei a mão da Bia, e vi ela ficar desconcertada por não esperar isso, mas manteve as mãos atadas.

Seguimos ainda conversando sobre os estilos de filmes, e ela contando o porquê de não gostar de terror pelo tédio e não medo. E eu até que concordei com os pontos dela, mas defendi bastante assistir. Por fim, acabamos comprando ingressos para assistir um desenho novo da Disney.

[...]

— Mano, nunca que Toy Story 1 é melhor que o 2. Nunca!

Estávamos em uma discussão séria. E acho que essa foi a minha primeira decepção com a Beatriz. Dizer que o segundo filme é melhor que o primeiro é a coisa mais absurda do dia.

— Corta aqui, por favor? — Juntei meus dedos indicadores e ela riu, me empurrando de leve.

— Você sabe que eu tô certa, Thiago.

Neguei, e antes de eu pensar em uma resposta, um grupo de meninas veio animadas, me mostrando que tinham me reconhecido.

— Veigh? Posso tirar uma foto? — A mais alta perguntou.

— Eu que quero tirar uma foto com vocês. — Disse, animado como elas.

— Ai, você tá muito lindo. — A menor disse, me abraçando.

— Lindas são vocês, af. Olha esse cabelo. — Acariciei os cachos dela com cuidado pra não desmanchar.

Tirei as fotos com elas, e já se despedindo, a mais alta me vira e diz:

— E a Gica? Eu amo tanto vocês juntos.

Meus olhos foram automáticos pra Beatriz, que olhava atentamente, sem nenhuma reação.

— Brigadão pelo carinho, mas cada um tá seguindo sua vida já. Tá tudo bem. — Me esforcei ao máximo pra sair da saia justa, e acho que me saí bem.

— Eu sei que vocês se amam, e torço muito pra vocês voltarem. Eram lindos juntos. — Ela insistiu.

— Gica e Tico! — Uma delas falou, me deixando meio desconfortável.

Elas não tinham visto a Beatriz, ou apenas decidiram ignorar completamente.

— Meus amores, brigado pelo carinho, tá?

Mais uma vez elas se despediram antes de darem as costas e saírem mais animadas do que quando vieram.

— Ah, daí vem o "tico" então? — Beatriz brincou, mostrando que não tinha ficado nenhum clima.

— Pois é. Desculpa, tá?! Sei que é meio desconfortável e tal.

Beatriz riu, abraçando o meu braço.

— Convivo com esse tipo de coisa há anos. Não me incomodei.

Todas as vezes que eu esperava alguma reação dela sobre algo, ela agia o contrário. E isso me traz segurança de saber que ela realmente entende.

E mesmo que eu odeie comparar, é impossível quando esse foi o mesmo motivo do meu término.

— Que bom, fico mais aliviado. — Fui sincero. — Ah, não!? Vou ter que ir.

Puxei a Beatriz pro meio do shopping onde estava uma máquina de ursos grandona.

— Você vai gastar dinheiro com isso, Thiago. — Beatriz falou, rindo.

— Eu sou muito bom.

Peguei a carteira no meu bolso e, sem pensar muito, coloquei cinquenta reais de crédito.

— Me ajuda, Bia. Olha pra mim daquele lado se tá na reta? — Pedi, apontando pra um lado do vidro, e sem pensar muito ela fez isso.

— Mais pra trás! — Falou, e eu ajustei. — Mais um pouco... Isso!

— Certeza?

— Pode ir!

Apertei o botão pra autorizar o gancho pra pegar o Stitch grandão, e pegou realmente, mas como sempre não ergueu nem 15 centímetros de onde estava. Ficamos irritados, mas usei isso a meu favor e me empenhei mais, mas só na penúltima chance eu consegui pegar.

Beatriz comemorou como se fosse ela que tivesse conseguido. Isso foi da hora.

Estendi o urso pra ela, que meio envergonhada pegou da minha mão, e de um jeito inesperado roubou um selinho meu.


notas!

boa noite amigas, desculpem o sumiço, mas ando bem desmotivada com o andamento da história e também do engajamento. não sei se vou continuar, pq sinto que n esteja tão boa, e talvez eu apague e faça uma outra.

digam oq vcs preferem

CONFISSÕES | veigh.Onde histórias criam vida. Descubra agora