CANSADO

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"Helaena preciso saber…”

“Não se preocupe, Aemond…”

“A torre se encontra com o dragão, não importa o quanto demore.
Eles nasceram pra queimar juntos”

Aemond segura firme o papel, seu olho focando na mesma frase sem conseguir verdadeiramente, lê-la.

As contabilidades do bordel cresceram em abundância esse mês, tanto quanto o número de clientes. E ele deveria estar separando cada um para entregar a chefe no final do dia, mas seus pensamentos continuam fugindo e a irritação no olho perdido começa a coçar insaciavelmente.

O suspiro cansado saiu de seus lábios o fazendo largar a folha, passou os dedos nas têmporas buscando algum tipo de alívio da dor de cabeça que ameaçava vir.

Seu corpo estava tenso contra a cadeira, mesmo quando se escorou ainda podia sentir o desconforto.

Ele estava distraído e não podia negar, faz um bom tempo. As pessoas da casa estavam começando a comentar sobre seu novo comportamento, o quão desleixo e alheio estava. Não o iria demorar mais para que a conversa chegasse na dona, pensar nela fez um arrepio subir por sua nuca, o recordando que não poderia deixar acontecer.

Eliz foi bastante generosa para não colocá-lo como um de suas prostitutas, por mais que ela desejasse muito.

Aemond a conheceu por engano, fazia pouco tempo que ele estava morando em uma casinha perto do vilarejo, ele foi lá em busca de entrar uma forma de sustentar a gestação. Aemond acabou por ir de encontro a alfa após ser empurrado por um alfa que o negou emprego e o chamou de vadia por estar um ômega grávido e sem marido.

Ele obviamente não deixou o desacato passar impune, seu sangue ferveu como se um dragão estivesse na boca do estômago esquecendo por fim, que estava grávido. Eliz passou por perto quando foi empurrado, acabando por pegá-lo antes que atingisse o chão, o aroma de areia molhada foi forte o suficiente para afastar o estorvo.

Naquele tempo, ele se lembra que a alfa estava vestida como algum tipo de pirata, um trampo velho no corpo com um tapa olho colocado na direita. Os cabelos vermelhos brilharam junto ao seu sorriso cínico.

Ela entendeu a situação imediatamente quando viu a pequena barrinha e o aroma de hortelã que emanava dele. Ela o defendeu aplaudindo sua coragem por estar nessas condições e mesmo assim buscar algum meio de sobrevivência depois que um alfa imundo ter roubado sua inocência, ele ficou estético a olhando surpreso e incapaz de esconder.

Eliz continuou a criticar e humilhar o alfa que o engravidou até que passou a ofender o alfa na frente dela com a mesma fervura que antes.

Obviamente o alfa charlatão não gostou nem um pouco e tentou partir pra cima dela, instantaneamente Aemond se pôs na frente dela para tentar a proteger, foi extinto por ela parecer com sua mãe? Ele não sabia, só sentiu que deveria. Ela abrandou sua coragem novamente, e assobiou, em poucos segundos havia mais de dez alfas parados ao lado dela, uma ordem foi o suficiente para que todos atacassem.

A mulher o puxou para trás mantendo-o seguro com seu braço agarrado à cintura dele, como se fosse normal agarrar um estranho, mas Aemond não estava em posição de reclamar então aceitou o contato enquanto a briga desenrolava.

No final, ele vomitou enjoado pelo cheiro de sangue, Eliz não parou de tagarelar sobre ter sido corajoso mas que foi extremamente perigoso por está grávido, ele apenas concordou, e ela o ofereceu um emprego no bordel.

No começo ela queria que ele fosse um de suas putas pô quer, segundo ela, ele era lindo demais e seria um desperdício vê-lo varrer o chão. Então ele implorou a ela que ele poderia fazer tudo, menos se prostituir.

Ela foi rendida e o colocou como contador de suas finanças.

Foi um dia particularmente estranho, mas que lhe rendeu uma garantia de quase nove anos em total proteção. 

Ele se esforçou dia após dia, calculando números e escrevendo palavra por palavra de onde elas haviam saído e quais tinham entrado, separando o mercadoria e o quanto podiam gastar com os resultados dos trabalhos das prostitutas.

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O ar estava sereno, em uma paz capaz de encher os pulmões do pequeno Aerys em calmarias assim como as ondas no mar que chicoteavam contra as rochas.

Aerys estava brincando com uma aranha pequena com longas patas, ela era fofa ao seu ver, seu pai por outro lado não achava, na verdade ele odiava qualquer inseto que Aerys trazia para casa, mas o menino nunca se importou e continuou trazendo mais e mais.

Teve uma vez que ele trouxe uma centopeia  e mostrou ao pai, nesse dia ele gritou e o pôs de castigo por está carregando um bicho como aquele, Aerys ficou um dia inteiro sem treinar seu olfato, foi horrível.

Ele ouviu os passos suaves se locomover pelo ambiente junto com o aroma de hortelã começar a cercá-lo. Se virou para encontrar seu pai caminhando lentamente até ele com um sorriso beirando seus lábios.

O sorriso do filhote foi instantâneo.

–Rytsas kepa! - ele grita, colocando a aranha no seu lugar antes de correr até o pai.

Aemond sorrir e recebe o filho em seus braços quando este jogou-se contra ele. –Nuhi syri taoba… – ele se abaixou ficando da altura dele e agarrou suas bochechas rechonchudas - vejo que está praticando seu valiriano sem mim, estou certo?

O menino balança a cabeça. – sim, Kepa! Agora consigo formar frases, porém é um pouco difícil saber se as pronúncias estão certas…

Aemond sentiu a chantagem em sua voz e sorriu. – pois bem, prometo que vou ajudá-lo sempre que tiver tempo - garantiu vendo-o sorrir doce, ele não resiste e dá um beijinho na bochecha ganhando um olhar surpreso antes que sua pele mudasse de cor. – mas por agora, sou eu quem precisa de ajuda.

– do que precisa, Kepa? - pergunta com seus olhos de amêndoas curiosos, mas dispostos a fazer o que ele pedir.

–preciso buscar mais alecrins no bosque pois meu estoque acabou, você que me acompanhar e ajudar a encontrar mais? – pergunta razoável, mesmo sabendo da resposta.

–sim!

Aerys tinha percebido que a coloração do cabelo estava mais grisalho, era uma cor bonita e parecia combinar com o pai, ele mesmo tem uma parte assim escondida no mar marrom que era seu cabelo.

Ele não entendia o por que de seu pai querer esconder tanto, mas nunca o questionava, o cabelo do pai já passava da cintura e era perfeitamente alinhado, ele pensou em como seria se seu pai parasse de tingi-lo e deixasse a cor branca retornar.

Aemond pegou sua mão e juntos foram até o bosque.
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N/t

Voltei!

Eu vi um comentário dizendo que seria bom passar a visão de Aemond e pensei: por que não?

Antes de ir vou deixar a tradução de Algumas palavras.

"Rytsas Kepa" significa: olá pai!
"Nuhi syri taoba' significa: meu bom garoto.

Enfim espero que gostem, comente suas opiniões que eu levarei pro coração!

Bjs e até a próxima!

Alias o próximo capítulo será da outra fanfic!

O FILHO DO BASTARDO Onde histórias criam vida. Descubra agora