DESPEDIDA

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Ele rasgou a carta com raiva, não acreditando em suas palavras. Sua família fora machucada a troco de uma tardezinha real?

Não importava o quão raivoso estava, negar essa carta seria como assinar a sentença de mortes de seus entes queridos, e Aemond não queria isso.

A semana terminou com os preparativos para sua partida, ele visitou cada cantinho do pequeno lugar desejando poder colocá-lo em um quadro. Essa vila foi sua casa, os moradores foram seus iguais. Aqui, ele não era um monstro desfigurado, um caolho. Ele era normal. Seu filho não era visto como a escória por ser bastardo, um pecado. Ele era só um menino.

Quando tudo estava pronto, ele se despediu de Eliz, a velha alfa chegou a chorar uma lágrima antes de limpar, ela o fez prometer voltar para visitá-los assim que pudesse. Abraçou Aerys forte e lhe disse para cuidar do pai.

Dália por outro lado se desmanchava em lágrimas, Aemond a abraçou e ela chorou mais. Eles permaneceram assim, em silêncio pois não haviam palavras para serem ditas além do contato. Ela também tomou Aerys no abraço, seu filho estava emocionado, porque assim como ele, o menino não queria partir.

Antes de ir, ele pediu para que tomassem conta de Merline, Eliz e Dália prontamente concordaram.

A última que faltava para se despedir era a velha Merlin, quando eles chegaram na casa dela foram recebidos pelo cheiro de torta de maçã, Merline estava sorrindo e os convidou para entrar.

Enquanto comiam, Aemond explicou o que estava acontecendo, mas a velha o cortou. – estava para acontecer, Aemond. Desde o dia que você veio para essa vila e entrou em nossas vidas cativando nossos corações com seu filhotinho, eu sabia que era para ser assim. Antes de vir, os deuses me revelaram que eu cuidaria de um ômega grávido e que os amaria até o fim.. Estou velha e está chegando minha hora, e nunca tive tanto orgulho como tenho do que se tornou, um ômega honrado e um bom pai. Então quero que você volte para aqueles que diziam ser sua família de cabeça erguida, mostre que você não é a mesma ovelha que caiu do colo da mãe, mostre que você é um dragão que lutará e morrerá pelo bem do seu filhote.

Aemond não conseguiu segurar as lágrimas, ele se levantou e abraçou a velha sendo seguido por seu filho que derramava lágrimas como uma cachoeira, Merline era uma avó da qual nunca teve, tanto para ele quanto para o filho.

O som de passos o acordou de seu transe, olhando para trás viu o filhotinho desajeitado.

–Aerys está pronto?– ele pergunta com calma, sabendo o quão nervoso estava o filhote.

Ele sentiu o aroma fraco de ansiedade emanando em ondas cintilantes sobre o menino. Uma das coisas que aprendeu com Merline foi que, os ômegas podiam sentir as emoções dos filhos até que eles tivessem sua classificação, fazendo assim, o aroma se espelhar no dele, então o menino esbanjava o aroma meio amargo de hortelã.

A informação facilitou sua vida mil vezes do que poderia imaginar, Aemond cuidou por pouco tempo de seus sobrinhos então suas relações com cuidado e proteção com bebês eram básicas. Saber disso ajudou bastante para sentir o que Aerys estava passando, Aemond pensou um pouco e percebeu que talvez sua mãe não soubesse disso pois sempre a viu em estado eterno de angústia enquanto cuidava de Daeron.

Aemond abaixou ficando da altura do filho, segurou seus ombros com cuidado apenas para chamar sua atenção. – você não deve ter medo, querido.

–eu sei, Kepa, mas…  – o menino volta seu olhar para as vestes, era nova e foi feita às pressas, seu pai pediu a uma das moradoras para fazer seu traje de montaria, a cor desta se misturava com preto e com as bordas pintadas em vermelho quente. – e se eu não conseguir?

O FILHO DO BASTARDO Onde histórias criam vida. Descubra agora