COMO SE CHAMA

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"Talvez nos sentimos vazios por que
deixamos pedaços de nós
em tudo que costumávamos amar.

  –R. M. Drake./@inquietudeesonho"






Assim que seus pés pisaram o chão perfeitamente limpo do salão, o lugar fora consumido pelo silêncio ensurdecedor. Aerys tentou inutilmente se concentrar no aroma familiar que seu pai emanava, mas, o salão estava consumido pela mistura de cheiros que fazia seu nariz entortar e entupir, sua cabeça também rodava com o odor, deixando-o tonto e sem jeito. O menino tentou se segurar nas vestes do pai para se manter erguido.

Assim que consegue segurá-lo, enfia seu rosto nas vestes farejando loucamente o cheiro de hortelã não se importando que estava fazendo na frente de sua “família”.

Aemond pareceu perceber sua angústia, começando a liberar mais do cheiro para confortá-lo. Aerys sentiu seu pulmão começando a ficar limpo quando um aroma de laranjeira invadiu seu olfato, antes que ele pudesse se virar para enxergar o intruso, uma voz estridente soou junto com passos apertados e a intensidade do cheiro envolvendo-o em uma névoa que o fez ver estrelas de dia, com o quão forte a emoção ecoava no aroma.

–meu querido filho… – quando a voz os alcançou, Aemond a segurou fortemente contra o peito. Os braços da mulher quase o pegaram no abraço, mas o menino foi-se para trás batendo no corpo da tia que o agarrou.

Aerys tentou se soltar, confuso com o estranho agarrado no pai. O mais estranho foi o pai ter permitido que alguém o agarrasse tão ferozmente sem ser ele e, agora, sua tão adorável tia. Ele lutou contra os braços fortes dela, querendo a todo custo proteger seu familiar.

Uma risada suave e o doce aroma de lavanda o envolveu. Helena sussurrou em seu ouvido. – se acalme, pequeno Aerys. Sinta, seu pai está exalando algum receio ou medo? – confuso, ele se acalma para ficar no aroma de hortelã, percebendo que transmitia saudade. – viu só? Este lugar que você está não é para revivermos o trauma ou ódio, apenas para reconciliação… apenas observe com atenção e só interfere quando sentir por dentro seu peito pular para fora. Quando o coração entra em jogo, dados são lançados e peças são movidas. Apenas um movimento pode arruinar ou melhorar…

Helaena sussurrava incansavelmente balbuciando palavras que o jovem não conseguia compreender corretamente.

Lágrimas cobriram o rosto da mulher que segurava seu pai acabando por chamar sua atenção novamente para eles, Aerys pode visualizar o cenário corretamente sem o desespero no peito. Era uma mulher esbelta de cabelos longos, tão longos quanto os do seu pai e tia, o brilho do sol que adentra pelas janelas favoreceu a cor laranja dos fios, causando um efeito tão belo para os olhos do menino que, de repente, Aerys se sentiu tão encantado por ela que seu aroma antes irritante, passou-se a adoçar em seu olfato.

– Aemond, meu doce filho, não sabe como meu peito enche de alegria por vê-lo tão bem novamente. Meu querido, estou tão feliz quanto irritada, mas não deixarei que minhas emoções atrapalhem o amor que estou sentindo por tê-lo em meus braços outra vez… – o agarro se intensifica, a mulher bela continua a chorar nos braços do pai, Aerys observou os ombros dele endurecer com as palavras desta. – por onde esteve por tanto tempo? Não, deixe de lado, não preciso saber se não quiser me contar…

– mãe, por favor espere um pouco, eu lhe contarei– ele se apressou em dizer, mas acabou sendo cortado quando o peso de outro corpo o agarra pelo lado, abraçando também a mulher chorosa.

– vejam só quem veio nos agraciar com sua ilustre presença em nosso reino, meu adorável irmão – o homem soletrou feliz enquanto se jogava no abraço enfiando sua cabeça no meio. Aerys novamente ficou confuso quando o sentimento de seu pai alternava entre ânsia e saudade.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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