O ESPIÃO

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   "Dizer com claridade o que existe em segredo
    – Cecília meireles"


Aemond entrou silencioso dentro da casa e viu uma senhora dormindo pacificamente enquanto balançava na cadeira já desgastada pelo tempo. Ele pisa no solar com mais cuidado sabendo que era extremamente fácil acordá-la, e era o que ele menos queria, mas foi em vão quando pisou em uma madeira solta que chiou horrivelmente acordando a senhora.

Que agora o encarava com raiva. – O que está fazendo aqui garoto? – sua voz esbanjando o quão desdenhosa estava.

Aemond deu de ombros – minha senhora, vim verificar se já havia tomado seus remédios - diz e caminha até o outro lado do cômodo entrando na pequena cozinha encontrando os remédios intocados - Merlin…

–eu sei que não tomei, não preciso que fique verificando! – ele escuta o rangido agudo da cadeira e os passos arrastados. – além disso, onde está meu doce menino?

Ele vê o exato momento em que seu tom muda ao se referir a Aerys, o que não era difícil de acontecer já que a velha parecia gostar muito do filhote. – eu optei por deixar-lo em casa, não queria incomodá-la. – Aemond sabia que não, mas não resistiu em atentar a velhota vendo o quão indignada ela estava.

– me incomodar? Conversa, ele teria que nascer exatamente igual a você para ser um incômodo – aponta antes de engolir o líquido verde.

Aemond revira o olho com o descaso da velha, mas não estava em posição de julgá-la, ela era assim por sua idade e também por que ele não foi fácil no início em que veio morar no vilarejo, a ameaça que ele fez dizendo que colocaria Vaghar para queimar todo o lugar se ela não o ajudasse a encontrar um abrigo ainda pairava sobre ela.

Sem contar suas outras travessuras quando ainda estava grávido que quase fizeram a velha conhecer os sete antes da hora.

Ele era difícil e não negava.

–ele está lá fora brincando com uma aranha que encontrou no seu jardim - revelou com um sorriso a exibir quando a indignação da velha ficou tão claro quanto seu cabelo.

Eles começam a caminhar até o lado de fora. – também vim para perguntá-la se pode ficar com ele por essa noite. Eliz declarou que ninguém sairia do bordel até, em suas palavras: fuderem tanto que farão o bordel transbordar de moedas de ouro. Sinceramente não sei de onde ela tira essas Ideias…

–dentro daquela cabeça demoníaca, quase tão oca quanto uma caverna. – nega, claramente desgostosa. - e respondendo sua pergunta, está mais claro que minha visão, minha resposta. Não sei por que ainda se dá o privilégio de perguntar uma idiotice dessa. – resmungou chegando na porta e vendo Aerys brincar com uma aranha pernuda. - agora onde está meu netinho?

–vovó Merlin! – Aerys coloca a aranha onde encontrou, bate nas vestes para tirar a sujeira e corre até a velha, a abraçando com cuidado. Merline aprecia o cuidado passando seus dedos enrugados no cabelo macio do neto.

Aemond permanece a sorrir vendo com aprecio o amor que Merline tem com seu filhote. Ele recorda do tempo em que a velha era tão bruta quanto uma lâmina, agressiva e temperamental com todos, certa de seus ideais e opiniões.

Ela sempre dizia que nunca iria cuidar de filhotes que não eram dela, que no momento que Aemond tivesse seu filho era para sair de dentro da casa dela o mais rápido possível pois não era avó de ninguém.

Aemond nunca se importou com suas palavras, ele já tinha um emprego e estava negociando para conseguir comprar sua casa e viver nela.

Mas quando em meio a tempestade, seus gritos mais altos que os trovões no céu escuro. Merline foi quem estava do lado dele o ajudando, ela estava apavorada, Aemond conseguia ver em seus olhos.

O FILHO DO BASTARDO Onde histórias criam vida. Descubra agora