RECEIOS

729 132 6
                                    


“São os seus defeitos que fazem você uma pessoa única”
—A bela e a fera.




Aerys brincava com um dos brinquedos de madeira em formato de dragão que seu pai havia esculpido para ele.

Algo o deixava inquieto, acabando por tomar seu sono. Seu olhar capta a Luz do luar atravessando a janela sob sua cabeça, vendo por ela o formato da lua, que estava completamente graciosa.

Vendo-a o fez lembrar de seu pai, para ele, Aemond era seu sol e ele sua Lua.

Mas pensar sobre o pai fez o menino entristecer com a saudade em seu peito martelando violentamente. Ele sabia que era preciso, necessário para que ambos tivessem como sobreviver, mas a sobrecarga que sentia sempre que o trabalho exigia muito de Aemond, o deixava inquieto.

Aerys era severamente apegado ao pai, mas já era de se esperar. O menino via o mundo através de Aemond, via que poderia contar tudo para ele sem qualquer impedimento, não importa o que era, sempre podia contar com o sorriso acolhedor ou as palavras severas mas nunca agressivas.

Aemond era tudo que precisava, o resto não importava e tê-lo longe era como tentar enxergar uma ponte completamente nublada sem qualquer esperança de encontrar o fim.

Quando ele saiu, Aerys sentiu o profundo medo enraizado subir à superfície, o medo da perda, como se nunca mais fosse o ver, o receio de que algo o poderia acontecer. Era sempre assim, ele não poderia mudar seus sentimentos em relação a isso.

Ele até tentou se distrair brincando com a vovó, mas não pareceu ter efeito pois cada vez mais sua mente era bombardeada por pensamentos horríveis, fazendo sua cabeça latejar mais e mais.

A necessidade de conseguir tirar Aemond do trabalho exaustivo sempre lhe viera como um mantra desde que tomou consciência do tipo de vida que seu pai levava, seu pai merecia coisa melhor, e Aerys estava disposto a fazê-lo acontecer não importa como.

Mas para isso ele teria que crescer e se tornar um homem, para enfim, poder protegê-lo. Entretanto, havia um porém. Como? Aerys não mudou nada desde o quinto dia de seu nome, tinha o mesmo nariz achatado, cabelos e olhos redondos.

Ele ouviu uma vez que para uma mudança de fato acontecer, era preciso saber sua classificação. Aemond sempre o dizia que seria um alfa, lindo e gentil alfa, nesse requisito não havia motivos para duvidar.

Mas quanto tempo levaria?

Enquanto divagava a porta fora aberta, revelando a presença de Aemond entrando sorrateiramente no quarto e assustando seu filhote. Ele sorriu e sussurrou baixinho quando Aerys o reconheceu. – por que ainda está acordado, meu querido?

Aerys se desampara de seus lençóis e vai em direção de seu pai em um pulo. Aemond pega-o no colo com cuidado e silencioso, não querendo acordar Merlin, só os deuses sabemos o que ela faria se fosse acordada no meio da noite.

–papai, não consegui pegar no sono… – Aerys sussurra contra o cabelo cheiroso do pai, tentando ignorar o cheiro de bebida fraca em alguns fios. – não disseste que voltaria mais tarde esta noite, Kepa?

–Sim, eu disse, mas teve… um imprevisto e foi de extrema necessidade que eu saísse um cadinho mais cedo – Aemond caminha com o filhote grudado em seu pescoço. Aerys levantou sua cabeça para encará-lo com curiosidade brilhando em seus olhos redondos, Aemond se senta na beira da cama e coloca o menino no meio de suas pernas para poder vê-lo melhor. – papai precisa te contar sobre nossa família, achas que está pronto?

–Sim, estou. – ele não demora a responder, sabendo que seu pai poderia desistir.

–se recorda de quando lhe contei que somos do sangue da antiga valíria? – Aerys afirma rapidamente, Aemond brinca com os cachos do filho, uma forma de tentar encontrar uma saída.

O FILHO DO BASTARDO Onde histórias criam vida. Descubra agora