Capítulo Vinte e Cinco

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Sinto cheiro de torrada.

Eu me espreguiço na cama e sorrio, porque Ryle sabe que torrada é minha comida preferida.

Meus olhos se abrem, e a claridade me esmaga com a força de uma colisão frontal. Fecho os olhos quando percebo onde estou, por que estou aqui e que o cheiro de torrada não é meu marido meigo e carinhoso prestes a trazer café da manhã na cama para mim.

No mesmo instante fico com vontade de chorar de novo, mas me obrigo a sair da cama. Eu me concentro em meu estômago vazio enquanto uso o banheiro, e digo a mim mesma que posso chorar depois de comer alguma coisa. Preciso comer antes de passar mal de novo.

Quando saio do banheiro e volto para o quarto, percebo que a cadeira virada para a porta agora está na direção da cama. Tem um cobertor embolado em cima da almofada, então é óbvio que Atlas entrou aqui ontem à noite, enquanto eu dormia.

Ele devia estar preocupado, achando que sofri uma concussão.

Quando entro na cozinha, ele está se movendo entre a geladeira, o fogão e o balcão. Pela primeira vez em doze horas, sinto um vago sinal de algo que não é sofrimento, porque lembro que ele é um chef. Um chef bom. E está preparando meu café da manhã.

Ele me olha enquanto entro na cozinha.

— Bom dia — cumprimenta ele, tomando cuidado para não demonstrar muita animação. — Espero que esteja com fome.

Ele desliza um copo e uma jarra de suco de laranja para mim por cima do balcão, e depois se volta para o fogão.

— Estou, sim.

Ele olha por cima do ombro e me dá um sorriso sutil. Eu me sirvo do suco e vou até o outro lado da cozinha, onde tem uma copa. Há um jornal na mesa, e começo a dar uma folheada. Quando vejo o artigo sobre os melhores estabelecimentos de Boston, minhas mãos começam a tremer na mesma hora e largo o jornal na mesa. Fecho os olhos e, lentamente, tomo um gole do suco de laranja.

Alguns minutos depois, Atlas põe um prato a minha frente e se senta do outro lado da mesa.

Ele puxa seu prato para perto e corta o crepe com o garfo.

Olho para meu prato. Três crepes com calda e enfeitados com um pouco de chantilly. Tem pedaços de laranja e morango alinhados à direita.

É quase bonito demais para comer, mas estou com muita fome para me importar. Dou uma garfada e fecho os olhos, tentando não deixar tão óbvio que é o melhor café da manhã que já provei.


Finalmente me permito admitir que seu restaurante mereceu o prêmio. Por mais que eu tenha tentado convencer Ryle e Allysa a não voltarmos, foi o melhor restaurante a que já fui.

É ASSIM QUE ACABAWhere stories live. Discover now