Capítulo Trinta e Três

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— O que vou fazer com três cadeirinhas para carro?

Estou sentada no sofá de Allysa, examinando todas as coisas. Hoje ela organizou um chá de bebê para mim. Minha mãe está ali. Até a mãe de Ryle veio, direto da Inglaterra, mas está dormindo no quarto de hóspedes por causa do jet lag. As garotas da floricultura vieram, e alguns amigos de meu antigo trabalho também. Até Devin compareceu. Na verdade, foi bem divertido, apesar de eu ter passado semanas com receio da festa.

— Por isso falei para você fazer uma lista de presentes, para não receber presentes repetidos

— explica Allysa.

Suspiro.

— Acho que posso pedir para minha mãe devolver a dela. Também já comprou coisas demais.

Eu me levanto e começo a juntar todos os presentes. Marshall disse que me ajudaria a levá- los para o apartamento, então Allysa e eu colocamos tudo em sacos de lixo. Seguro as sacolas enquanto ela cata tudo no chão. Estou com quase trinta semanas de gravidez, então fico com a tarefa mais fácil: a de segurar o saco.

Acondicionamos tudo, e Marshall está indo pela segunda vez a meu apartamento. Abro a porta de Allysa, pronta a arrastar um saco cheio de presentes até o elevador. Mas eu não estava preparada para encontrar Ryle parado diante da porta, me olhando. Nós dois ficamos igualmente chocados quando nos vemos, considerando que não nos falamos desde que brigamos há três meses.

Mas o encontro era inevitável. Não posso ser a melhor amiga e vizinha da irmã de meu marido sem que o encontre por acaso.

Tenho certeza de que ele sabia do chá, porque sua mãe veio só para isso, mas, mesmo assim, ele parece um pouco surpreso ao ver todas as coisas atrás de mim. Será que ele chegou bem na hora que estou saindo por coincidência ou por conveniência? Ele olha para o saco de lixo que estou segurando e o pega de minhas mãos.

— Pode deixar que eu levo.

E eu deixo. Ele carrega o saco, depois outro, enquanto pego minhas coisas. Ele e Marshall estão entrando no apartamento enquanto estou prestes a sair.

Ryle pega o último saco e se aproxima da porta. Eu o sigo, e Marshall me olha em silêncio, na dúvida se Ryle pode descer comigo. Balanço a cabeça. Não posso evitar Ryle para sempre, então por que não discutir logo de uma vez nosso futuro?

São só alguns andares entre o apartamento de Allysa e o meu, mas essa descida de elevador


na companhia de Ryle parece a mais longa de minha vida. Percebo que ele olha algumas vezes para minha barriga, e me pergunto como deve ter sido passar três meses sem me ver grávida.

A porta de meu apartamento está destrancada, então a empurro, e ele entra comigo. Depois leva o restante das coisas para o quarto do bebê, e o escuto mexer em tudo, abrir caixas. Fico na cozinha limpando o que nem precisa ser limpo. Estou com o coração disparado por senti-lo no apartamento. Não estou com medo. Só estou nervosa. Quero estar mais preparada para a conversa, porque realmente detesto confrontos. Sei que precisamos discutir o bebê e nosso futuro, mas não estou a fim. Pelo menos não agora.

É ASSIM QUE ACABAWhere stories live. Discover now