Capítulo Vinte

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Tentei salvar meu celular antes de dormir ontem à noite, mas não adiantou. Ele se partiu em dois pedaços. Coloquei o despertador para cedo; queria comprar um novo aparelho no caminho para o trabalho.

Meu rosto não está tão ruim quanto eu temia. Claro que não dá para esconder de Allysa, mas nem tentei. Reparto o cabelo de lado para cobrir a maior parte do curativo que Ryle colocou em meu olho. A única coisa visível do acontecido é o corte no lábio.

E o chupão que ele deixou em meu pescoço.

Que tremenda ironia da porra.

Pego minha bolsa e abro a porta do apartamento. Paro imediatamente quando vejo um volume a meus pés.

O volume se mexe.

Só depois de vários segundos que percebo que o volume é na verdade Ryle. Ele dormiu ali fora?

Ele se levanta assim que sente a porta abrir. Está a minha frente, com um olhar suplicante e mãos delicadas tocando minhas bochechas. Há lábios em minha boca.

— Desculpe, desculpe, desculpe.

Eu me afasto e o analiso com o olhar. Ele dormiu ali fora?

Saio do apartamento e fecho a porta. Passo calmamente por ele e desço a escada. Ryle me segue o caminho inteiro até o carro, implorando para que eu fale com ele.

Não falo. Vou embora.

• • •

Uma hora depois, estou com um celular novo nas mãos. Estou sentada no carro diante da loja de celulares quando ligo o aparelho. Dezessete mensagens aparecem na tela. Todas de Allysa.

Acho que faz sentido não serem de Ryle, porque ele sabia o estado de meu telefone. Estou prestes a abrir uma mensagem quando meu celular começa a tocar. É Allysa.

— Alô?

— Lily! O que é que está acontecendo? — pergunta ela, suspirando. — Meu Deus, você não pode fazer isso comigo, estou grávida!

Ligo o carro e coloco o celular no bluetooth enquanto dirijo até a floricultura. Allysa está de


folga hoje. Ela só vai trabalhar mais alguns dias antes de sair de licença-maternidade.

— Estou bem — asseguro. — Ryle está bem. Nós brigamos. Desculpe por não ter te ligado, ele quebrou meu celular.

É ASSIM QUE ACABAWhere stories live. Discover now