Capítulo Trinta

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É muito conveniente ter de pegar apenas um elevador para chegar em casa depois de visitar Allysa, por mais que às vezes eu tenha vontade de sair do apartamento. Ainda acho estranho morar aqui. Só tivemos uma semana no imóvel antes de nos separar e Ryle ir para a Inglaterra. Sequer tive a oportunidade de me sentir em casa, e agora o local está um pouco arruinado. Não consigo dormir em nosso quarto desde aquela noite, então tenho ficado no quarto de hóspedes, em minha antiga cama.

Allysa e Marshall ainda são os únicos que sabem sobre a gravidez. Só se passaram duas semanas desde que lhes contei, o que significa que estou com vinte semanas. Sei que deveria contar para minha mãe, mas Ryle volta daqui a algumas semanas. Acho que ele devia saber antes que outra pessoa descubra. Isso se eu conseguir manter a barriga escondida de minha mãe até ele voltar para os Estados Unidos.

Talvez eu devesse logo aceitar que muito provavelmente terei de contar a ele por telefone. Não vejo minha mãe há duas semanas. Jamais passamos tanto tempo sem nos ver desde que ela se mudou para Boston, então, se não marcarmos algo em breve, ela vai aparecer em minha casa quando eu não estiver preparada.

Juro que minha barriga dobrou de tamanho nas últimas semanas. Se algum amigo me encontrar, vai ser impossível esconder. Até o momento, ninguém na floricultura perguntou. Ainda estou no limite entre o "será que ela está grávida ou será que só engordou".

Começo a destrancar a porta do apartamento, mas ela começa a abrir por dentro. Antes que eu possa puxar a jaqueta para esconder a barriga de quem quer que esteja do outro lado da porta, os olhos de Ryle se fixam em mim. Estou usando uma das camisas que Allysa me deu, e é meio impossível disfarçar que estou com uma camiseta de grávida quando ele está olhando diretamente para ela.

Ryle.

Ryle está aqui.

Meu coração começa a golpear meu peito. Sinto uma coceira no pescoço, então ergo a mão, sentindo a batida de meu coração contra minha palma.

Meu coração está acelerado porque morro de medo dele. Meu coração está acelerado porque sinto ódio dele.

Meu coração está acelerado porque eu estava com saudade dele.

Ele olha lentamente de minha barriga até meu rosto. Uma expressão de mágoa o transfigura, como se eu tivesse acabado de esfaqueá-lo no coração. Ele dá um passo para trás, entrando no apartamento, e leva as mãos à boca.


Começa a balançar a cabeça, confuso. Posso ver a traição gritando em seu rosto, mas ele mal consegue dizer meu nome:

Lily?

Fico paralisada, com uma das mãos na barriga para me proteger, e a outra no peito. Estou com muito medo para me mexer ou dizer alguma coisa. Não quero reagir antes de saber exatamente como ele vai reagir.

É ASSIM QUE ACABAWhere stories live. Discover now