Capítulo Vinte e Oito

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Depois que Ryle me entregou as chaves à tarde, fiquei na dúvida se deveria voltar para nosso novo apartamento. Até parei na frente do prédio, mas não consegui sair do táxi. Sei que se voltasse para lá hoje, provavelmente encontraria Allysa em algum momento. E não estou pronta para explicar os pontos na testa. Não estou pronta para ver a cozinha onde as palavras terríveis de Ryle me dilaceraram. Não estou pronta para entrar no quarto onde fui completamente destruída.

Então, em vez de voltar, pedi ao taxista que me levasse até a casa de Atlas. Parece ser meu único porto seguro no momento. Não preciso confrontar nada enquanto estou escondida ali.

Atlas já havia me mandado duas mensagens hoje para saber como eu estava, então, quando recebo outra mensagem alguns minutos antes das 19h, presumo que é dele. Mas não, é de Allysa.

Allysa: Já chegou do trabalho? Suba aqui para nos visitar, estou entediada.

Sinto um aperto no peito ao ler a mensagem. Ela não faz ideia do que aconteceu entre mim e Ryle. Fico na dúvida se Ryle ao menos contou a ela que viajou hoje para a Inglaterra. Meu polegar digita algo e apaga, depois digita mais um pouco enquanto tento encontrar uma boa desculpa para não passar lá.

Eu: Não posso. Estou na emergência. Bati a cabeça na prateleira do depósito da loja. Estou levando pontos.

Odeio mentir para ela, mas assim não terei de explicar o corte, nem por que não estou em casa.

Allysa: Ah, puxa! Está sozinha? Marshall pode ficar com você já que Ryle viajou.

Então ela sabe que Ryle foi para a Inglaterra. O que é bom. E ela acha que estamos bem. Isso também é bom. Significa que tenho pelo menos três meses antes de contar a verdade.

Olha só quem está varrendo merda para debaixo do tapete, assim como a mãe.

Eu: Não, estou bem. Já está terminando, não daria tempo de Marshall chegar. Passo aí amanhã depois do trabalho. Dê um beijo em Rylee por mim.

Bloqueio a tela do celular e o largo na cama. Está escuro lá fora, então vejo imediatamente os faróis de um carro pararem na frente da casa. Sei que não é Atlas, porque ele usa a entrada da lateral e estaciona na garagem. Meu coração começa a disparar enquanto sou dominada pelo medo. Será que é Ryle? Ele descobriu onde Atlas mora?

Momentos depois, escuto alguém bater ruidosamente à porta. Ou melhor, golpear a porta. A campainha também toca.

Vou nas pontas dos pés até a janela e puxo as cortinas apenas o suficiente para dar uma olhada lá fora. Não dá para ver quem está na porta, mas tem uma caminhonete na entrada. Não é de Ryle.


Será que é a namorada de Atlas? Cassie?

É ASSIM QUE ACABAWhere stories live. Discover now