Capítulo Nove

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Deixo o diário no peito. Fico surpresa ao sentir lágrimas escorrendo pelo rosto. Toda vez que pego este diário acho que vou ficar bem, que tudo aconteceu muito tempo atrás e não vou sentir o mesmo que senti na época.

Sou muito boba. Fico com vontade de abraçar tanta gente do passado... Especialmente minha mãe, porque no último ano não parei para pensar em tudo pelo que ela passou antes de meu pai morrer. Sei que ainda deve doer.

Pego o telefone para ligar para ela e vejo que na tela há quatro mensagens de Ryle. Meu coração acelera imediatamente. Não acredito que estava no silencioso! Reviro os olhos, irritada comigo mesma, porque eu não devia estar tão animada assim.

Ryle: Está dormindo? Ryle: Acho que sim. Ryle: Lily...

Ryle: :(

A carinha triste foi enviada há dez minutos. Aperto Responder e digito: "Não. Acordada".

Dez segundos depois, recebo outra mensagem.

Ryle: Ótimo. Estou subindo sua escada. Chego aí em vinte segundos.

Sorrio e pulo da cama. Vou até o banheiro e confiro meu rosto. Está razoável. Ando até a porta e a abro assim que Ryle chega pela escada. Ele praticamente se arrasta no último degrau e, depois, para quando enfim chega a minha porta, querendo descansar. Ele parece exausto. Seus olhos estão vermelhos e com olheiras. Seus braços deslizam ao redor de minha cintura, e ele me puxa para perto, enterrando o rosto em meu pescoço.

— Que cheirosa — diz ele.

Eu o puxo para dentro do apartamento.

— Está com fome? Posso preparar alguma coisa para você comer.

Ele nega com a cabeça enquanto tira a jaqueta com dificuldade, então passo pela cozinha e vou direto até o quarto. Ele me segue e joga a jaqueta nas costas da cadeira. Usa os pés para tirar os sapatos e os empurra para a parede.

Ele está de uniforme hospitalar.

— Você parece exausto — comento.

Ele sorri e põe as mãos em meus quadris.

— E estou. Acabei de participar de uma cirurgia de 18 horas. Ele se inclina e beija a tatuagem de coração em minha clavícula. Não surpreende que ele esteja exausto.


— Como isso é possível? — digo. — Dezoito horas?

Ele assente e me acompanha até a lateral da cama, onde me puxa para que eu me sente a seu lado. Nós nos acomodamos até ficarmos virados um para o outro, dividindo um travesseiro.

É ASSIM QUE ACABAWhere stories live. Discover now