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- Estás um bocado irrequieta hoje. – é o Gonçalo que repara, enquanto almoçamos os três juntos, no pequeno terraço da empresa que costumamos usar no verão como cantina – O que é que se passa?

- Vou jantar com o Dinis hoje. – revelo.

- Vocês já jantaram juntos outras vezes, que eu saiba... - observa a Tânia, sem perceber.

- Sim, mas ele acabou de regressar de férias e o jantar vai ser em casa dele. – explico – E eu estou nervosa, nem sei bem porquê.

- Ah, já percebi... A nossa Laurinha vai ter alguma ação! – o Gonçalo exclama, o que me faz dar-lhe um murro no braço – Au!

- Não é nada disso, idiota! É só que é um ambiente mais intimista... Nem se quer sei o que é suposto vestir! – digo, sentindo-me como uma autêntica adolescente.

- Eu acho que até podias ir de pijama que o Dinis não se ia importar... - a Tânia brinca – Eu acho que só tens de vestir algo com que te sintas confortável e bonita. E ir calma e descontraída. Vai correr tudo bem.

Nem se quer sei por que motivo me sinto assim tão ansiosa, porque eu e o Dinis já estivemos os dois a sós várias vezes, falamos praticamente todos os dias e eu sinto-me sempre confortável ao pé dele... Mas há algo no facto de isto ser um jantar mais intimista que me deixa nervosa. Talvez tenha medo do que possa acontecer, não sei. Se ele quiser algo que eu não quero? Ou o contrário? Ou se alguma coisa correr mal?

- Eu consigo ver as engrenagens dessa cabecinha a girar a mil à hora... Relaxa, Laura, vai correr tudo bem. – a Tânia assegura-me com um sorriso.

- Sim, Laura, só se ele for um idiota é que alguma coisa vai correr mal. – o Gonçalo diz também, sorrindo-me.

- Vocês são uns queridos, sabiam? – gargalho, agradecida por tê-los como colegas e amigos – Obrigada.

- Sempre aqui para te ajudar com os teus dramas amorosos! – o Gonçalo exclama, fazendo-me rir.

Durante o resto da tarde, tento descontrair, até porque é só ridículo sentir-me nervosa desta forma. Quando termino o meu horário de trabalho, conduzo até casa com calma, visto que o facto de estarmos em época de férias ajuda a que o trânsito seja um pouco menos caótico do que é normal. A primeira coisa que faço quando chego a casa é tratar de tarefas domésticas, como apanhar a roupa que estendi esta manhã e arrumar a louça que tenho na máquina nos respetivos armários. Antes de tomar banho, arrumo alguma roupa que tenho espalhada pelo quarto e escolho a roupa que vou usar esta noite, optando por algo confortável e no qual me sinto bonita, seguindo o conselho da Tânia.

Tomo um duche rápido e regresso ao quarto, começando por tratar da minha rotina de skincare e por fazer uma maquilhagem super natural e simples, apenas realçando os olhos com rímel e uma sombra discreta com brilhantes e os lábios com um batom cor-de-rosa super suave. Decido vestir umas calças wide leg pérola, de cintura subida, conjugadas com um top castanho, cujas alças cruzam à frente. Calço umas sandálias castanhas com um bocadinho de plataforma e, como opto por deixar o cabelo solto e ao natural, escolho uns brincos maiores com pedrinhas nos tons da minha roupa. Coloco os meus objetos essenciais numa mala de palhinha, que dá um ar mais descontraído e de verão ao look, escolhendo um blazer castanho oversized para levar, só no caso de estar mais fresco quando sair de casa do Dinis.

Saio de casa cerca de quinze minutos antes das 20h, seguindo as indicações do GPS até ao apartamento do Dinis. Uma vez que praticamente não apanho trânsito, consigo chegar dois minutos antes das oito da noite, saindo do carro e tocando à campainha correta para que Dinis me abra a porta do prédio e, depois, a porta do seu apartamento. Assim que se houve o click da abertura da porta principal, subo pelas escadas até ao segundo andar e, ao chegar junto da porta do apartamento do Dinis, a porta já está aberta e o moreno já espera por mim. Sorrio-lhe e cumprimentamo-nos com um abraço e dois beijinhos.

Pontos Nos Is | Rúben DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora