vinte e um - parte um

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Estou quase a adormecer no sofá, enquanto vejo um episódio de uma série qualquer que passa na televisão, quando o meu telemóvel dá sinal da receção de uma nova mensagem. Pego-lhe, vendo a notificação com o nome do Rúben. Desbloqueio o telemóvel para conseguir ler na íntegra a mensagem.

Alô, Lau. Obrigado pela mensagem e pela preocupação.

O funeral é amanhã às 18h, naquela capela ao fundo da rua dos meus pais.

Como já é tarde, não quis estar a ligar, mas não podia deixar de te agradecer. Obrigado, outra vez. Um beijinho

Não precisas de agradecer.

Estarei lá para te dar um abraço.

Tenta descansar, beijinhos.

Depois de enviar a minha resposta ao Rúben, decido ir deitar-me, visto estar cansada e prever que amanhã possa ser um dia de emoções fortes.

(...)

O dia começa à mesma hora de sempre, cumprindo a habitual rotina matinal. Depois de me vestir e arranjar, desloco-me à cozinha para preparar o pequeno-almoço: uma fatia de pão torrado com uma fatia de fiambre e um galão. Preparo também snacks para comer ao longo do dia no trabalho, bem como o recipiente com as sobras do jantar de ontem para o meu almoço de hoje. Saio de casa à hora habitual e, felizmente, praticamente não apanho trânsito até chegar ao escritório.

A primeira coisa que faço é dirigir-me ao escritório do meu supervisor, visto ser ele o responsável máximo pelo escritório aqui presente hoje, para explicar os motivos pelos quais preciso de sair um pouco mais cedo. Ele é bastante compreensivo, acedendo rapidamente sem grandes perguntas ou exigências.

- Bom dia. – cumprimento os meus colegas ao sentar-me na minha secretária. Vejo a Tânia levantar-se imediatamente para se aproximar mais de mim.

- Não vens com boa cara... Estás bem? – ela pergunta-me, num tom preocupado. Sorrio para a apaziguar.

- Estou bem, não te preocupes. O avô de um amigo próximo faleceu e tive de pedir ao boss se podia sair mais cedo hoje para ir ao funeral. Mas é só isso, está tudo bem. – explico.

- Oh... São sempre situações difíceis. – ela afirma – Precisas que eu te ajude com alguma coisa de trabalho?

- Não, podes estar descansada. Hoje, o meu dia já ia ser pacífico em termos de trabalho, de qualquer das formas. Consigo fazer tudo antes de sair, de certeza. – declaro, acrescentando depois um agradecimento – Mas muito obrigada, Tânia.

- De nada, Laura. É para isso que os amigos servem. – ela sorri-me – Vá, vou é pôr-me ao trabalho também. – a minha amiga e colega afirma, voltando para a sua secretária.

Foco-me então em adiantar o trabalho que tenho para o dia de hoje, mas volta e meia a concentração foge e eu penso no facto de voltar a reencontrar toda a família do Rúben hoje, sobretudo numa situação tão complicada. Só o Ivan é que sabe da nossa reaproximação e não sei o quanto é que a família dele sabe do término da nossa relação, há 10 anos, então penso que será estranho eu aparecer lá, do nada, a confortar o Rúben e a sua família. Isso deixa-me um bocadinho nervosa, mas depois lembro-me que só quero poder estar do lado do Rúben neste momento difícil, como sua amiga.

Aproveito a pausa que faço a meio da manhã, para comer mais alguma coisa e beber um café, para lhe enviar uma mensagem a saber como está e como está a sua família. Ele responde-me logo de seguida.

Pontos Nos Is | Rúben DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora