dezanove

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- Que belo jogo para iniciar a época! – o Filipe comenta, quando nos conseguimos afastar da confusão e iniciar o caminho de regresso a minha casa.

- Foi mesmo! Começar com uma vitória por dois golos é sempre uma excelente motivação. – o Dinis concorda.

- Mas foi só o primeiro jogo de muitos, eles precisam de ter calma e concentração. – a Cláudia intervém na conversa, como se fosse muito entendida de futebol, o que me faz rir – O que foi? Estou só a dizer o que acho.

- E achas bem, amor. – o Filipe diz, beijando-a carinhosamente no rosto – E o grande Rúben Dias que teve uma prestação do caraças, depois de uma época praticamente inteira sem jogar? Jogou a primeira parte toda impecavelmente, não falhou passe nenhum.

- Ele é um craque... Não tarda nada o City volta a vir buscá-lo. – o Dinis concorda.

Sorrio internamente por perceber que o Rúben é adorado desta forma por quem gosta de futebol e do Benfica, porque sei que ele merece esse carinho, mas não evito sentir algum desconforto por ouvi-los falar assim do Rúben sem terem qualquer ideia da minha ligação com ele. Sei que vou ter de contar ao Dinis, sobretudo se as coisas entre nós continuarem a evoluir, porque chegará a um ponto em que será inevitável falar do assunto.

Depois de uma caminhada, chegamos ao meu prédio e subimos novamente, para petiscar o que sobrou e conversar durante mais algum tempo. A Cláudia e o Filipe acabam por ir embora pouco tempo depois, perto das onze da noite, deixando-me só com o Dinis. Lembro-me então de uma conversa que tivemos há algumas semanas.

- Lembras-te de me dizeres que gostavas de ver algum quadro pintado por mim? – pergunto-lhe.

- Claro que sim. – ele acena com um sorriso – Não me digas que é hoje que vou ter esse privilégio?

- Se quiseres, sim. – assinto, encolhendo os ombros.

- Claro que quero. – o moreno sorri-me.

Faço-lhe sinal para que venha comigo até à porta ao lado do meu quarto, onde fica o meu escritório ou estúdio ou o que quer que seja o nome apropriado para aquele espaço. O espaço está bastante desarrumado, como de costume, até porque, no fim de semana passado, decidi dedicar algum tempo a começar um quadro novo.

- Não tenho muitos quadros aqui, a maioria estão em casa dos meus pais ou na arrecadação da garagem, mas tenho aqui alguns mais recentes. – explico, mostrando quatro quadros que tenho terminados.

- Uau! Tu tens mesmo jeito, Laura! – ele elogia, observando cuidadosamente cada uma das pinturas – Tens mesmo de expor os teus quadros, um dia destes. As pessoas merecem ver o teu talento. – o Dinis afirma, fazendo-me sorrir, embora envergonhada com os elogios.

- Vá, também não precisas de exagerar. Os quadros não são nada demais. Eu nem se quer penso muito quando estou a pintar ou tenho uma técnica muito boa. Faço-o mais por pura paixão e porque sinto que me ajuda a desanuviar a cabeça do que outra coisa. – respondo, desvalorizando o seu elogio.

- Isso é a prova de que é realmente talento, Laura. Se é algo que fazes sem pensar ou esforçar-te muito, é sinal de que tudo isto é natural. – o Dinis observa, sorrindo-me.

- Obrigada. – digo, sentindo-me a corar – Acima de tudo, é algo que me ajuda mesmo a limpar a cabeça e a descontrair. É o equivalente a ir surfar. – explico.

- Estava a falar a sério quando disse que devias expor. Acho que tens mais do que talento para isso. – o Dinis repete.

- Gostava muito, um dia destes, mas acho que ainda não estou pronta para isso. – sorrio-lhe.

Pontos Nos Is | Rúben DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora