Encontros

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LILLY DARLING

Depois que tomei meu banho, James passou cada um dos remédios. Ele não recolocou o gancho ainda, e não sei se devo ou não ficar preocupada com isso.

Ele já estava cuidando do último corte nas minhas costas, quando deu uma risadinha baixa.

-O que foi?

Questionei, e ele me deixou virar para olhá-lo. Ainda tinha um sorriso muito fofo, os olhos azuis brilhavam como safiras brutas.

-Nada. Eu estava pensando bobagem.-Arqueei a sobrancelha, e isso o fez rir outra vez.-Espera aqui, quero te mostrar uma coisa.

Me sentei na cama, vendo-o sair pela porta, andando rápido. Será que ele está ansioso com o que vai me mostrar? Que fofo.

Jas voltou com uma caixa média, cor creme com um lindo laço vermelho. É a mesma caixa que se vê em filmes de época, onde eram guardados os vestidos para serem dados de presente.

Ele colocou a caixa ao meu lado na cama e colocou as mãos pra trás das costas, olhando de mim pra caixa. Lhe dei um sorriso e tirei a fita sem desfazer o laço. Era uma fita de cetim muito bonita e um laço muito bem feito para estragar.

Dentro da caixa havia um lindo vestido, meia estação, vermelho sangue. De um tecido estruturado, decote canoa, daqueles que combinam perfeitamente com um xale. Que, por sinal, é de um linho dourado, e estava escondido sob o vestido. Assim como uma caixinha de acessórios dourados, que tinham réplicas dos piercings das minhas orelhas, seis anéis, duas pulseiras, um bracelete e um colar triplo.

-Meus deuses, Jas... Que... Perfeito.

-Ficarão perfeitos quando trajá-los. A que horas gostaria de ir a Darlington?

-Vou deixar a seu critério, Capitão.-Ele me deu um charmoso sorriso lateral.-E eu preciso fazer o almoço.

-Vou com você.

Descemos juntos para a cozinha. E, de forma espontânea, James se encostou no balcão. Em algum momento, ele sentou ali mesmo, em cima do balcão da cozinha. Acredito que ele tenha feito sem perceber. Com um copo da limonada que eu fiz para acompanhar o almoço.

Peguei um pedacinho da carne de molho que fiz, coloquei numa torradinha e levei pra ele. E James não se importou que eu desse a torrada na boca dele. Quando se deu conta, ficou corado, e eu acabei rindo.

-Que fofo!

Fiz outra torradinha e levei pra ele. E isso o fez rir e aceitar outra vez. Acho que me empolguei, pois roubei um selinho do charmoso e austero Capitão Gancho. Fui me afastar, mas ele me segurou no lugar, cruzando uma perna na altura do meu quadril, enquanto colocava o copo no balcão e segurava meu pulso com gentileza, deslizando os dedos até entrelaçar nossas mãos. Então mudou o rumo dos dedos, até tê-los infiltrados em meu cabelo.

-Ah, mas não vai mesmo fugir de mim, mi Lady. Quero um beijo descente.

Dessa vez a iniciativa foi dele. Sua mão voltou para a base das minhas costas, acho que pra ter certeza de que eu não ia fugir. Não que eu conseguisse com aquele beijo me seduzindo daquela forma lenta, sensual, suave...

Seu braço passou minha cintura também. E eu me dei a liberdade de entremear os dedos nos pesados e sedosos cabelos cacheados.

Não tenho ideia de quanto tempo levou para que uma respiração mais profunda fosse necessária. Por sorte eu havia recém desligado as panelas do fogo. Os passos de Smee na varanda, pouco antes da porta, foi o que nos fez dar pequenos sorrisos constrangidos, e James me soltou.

Como na Terra do NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora