VI

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Rodolffo ouvia o relato da história de vida de Juliette e cerrava os punhos.
Tomé não escondeu nada, até o dinheiro que ela recebeu.

- Pelo menos agora está rica.   Conseguiu o que queria.

- Não fales assim.  Ela só queria ir embora o quanto antes.  Não fosse eu e a Ana e o capitão nosso amigo, ela teria saído daqui sem acusá-los e sem receber nada.  Eu vi que o dinheiro para ela não era importante.  Eu acho que ela veio pela aventura.
Se eu não estivesse lá  naquela hora não sei o que teria acontecido.
Ela está muito frágil.   Não sei como será recomeçar no Brasil, mas se não tiver apoio não vai aguentar.

- Aí já não é problema meu.  Cada um planta o que colhe.

- Tu não és assim.  E como vai a tua relação com a Anya?  A tua Elena como está?

- Com a Anya é mais do mesmo.  Está lá em casa por causa da Elena que está a coisa mais linda.  Foi ela que me ajudou a superar o desgosto.

- Superar... e desde quando superaste?

- Tens razão.   Quando a vi no espectáculo voltou todo o sentimento, mas não posso voltar no passado.

- Dá tempo ao tempo, mas não a julgues tanto.  Ela errou, reconheceu o erro e vai tentar seguir em frente.  Tu deves fazer o mesmo.

- Está tarde, vou embora.  Despede-te da Ana por mim.

- Quando viajas de regresso? 

- Amanhã à noite.

- Já é tarde.  Dorme aqui.  Temos quartos a mais.

- Não.   Vou dormir no hotel.  Preciso de um banho e uma boa noite de sono, se é que vou conseguir.  Foi muita informação.
Venho despedir-me amanhã a seguir ao almoço.

- Está bem.  Até amanhã.

Quando Rodolffo saiu, Tomé foi para o quarto.  Ana já estava deitada e ele tomou um banho rápido.

- Como foi a reacção?

- Está muito magoado, mas o amor por ela é o mesmo.

- Mas não está com a mulher?

- A mãe da filha, queres tu dizer.   Aquilo foi um caso isolado que resultou numa gravidez e mais nada.  Só a suporta pela filha.

- A Juliette adormeceu a chorar.  Diz que ele foi muito duro com ela, mas que estava à espera que fosse assim.

- Eu desejo que eles se entendam, mas temo pela Juliette sózinha lá no Brasil.

- Ela diz que vai arrumar a vida, arranjar uma ocupação  e seguir em frente.  É muito determinada, vai conseguir.

Na manhã seguinte, Juliette não apareceu para o café.  Ana foi chamá-la e ela ainda estava deitada.

- De preguicinha,  Juliette?

- Hoje vou passar o dia aqui.  Não te importas, pois não?

- Não, se fores tomar café.  Depois podes voltar a dormir o quanto quiseres.

- Eu vou.  Estou com um pouco de dor de cabeça.  Depois tomo um comprimido e enfio-me novamente na cama.


Troquei tudo por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora