XI

54 8 7
                                        

Já faz tempo que Juliette regressou da Alemanha e não me contactou.  Queria vê-la, mas não sei onde encontrá-la e não tenho tido tempo para tentar.

Hoje fiquei triste porque deveria estar com a minha filha lá na escola.
Liguei para a Ema que me contou que ela ficou a chorar.
Prometi ligar mais tarde quando ela estivesse em casa.

Tive uma semana de shows,  depois um dia de folga que fiz de bate volta só para ver a minha princesa.  Parecia que ela já estava mais ambientada segundo a directora confidenciou a Ema.

- Senhor Rodolffo!  Desculpe mas eu vou ter que falar.  A dona Anya tem agido um pouco bruscamente com a menina.  Eu não quero causar discórdia, mas a menina aparece por vezes com nódoas negras nos braços e pernas.

- Ela bate na filha?

- Bater eu nunca vi, mas os beliscões também são agressões.
Há dias eu perguntei e ela disse-me que a menina está sempre a bater nos móveis.

- Vou resolver com ela na próxima folga.  Jamais permitirei que a minha filha seja agredida, principalmente pela mãe. 

Rodolffo ligou para Anya a ameaçá-la com polícia pelas agressões.  Ela disse que falavam depois porque estava ocupada.

Ema precisou faltar um dia.  Hoje era inevitável que Anya levasse Elena ao colégio.

- Anda estrupicio.  A que horas vamos chegar?

- Quero a Ema.  Eu não gosto de ti.

Anya estava com uma colher de pau na mão e começou a espancar a filha.  Eu também não gosto de ti, estrupício.

Elena foi a chorar o caminho todo.  Chegou ao colégio e correu para junto de Juliette segurando-a pelas pernas.

- O que foi Elena?

- Eu não quero a mamãe,  a mamãe bateu na Elena com a colher de pau.

Juliette levou-a para a sua sala e segurou-a no colo.  Elena estava aninhada no peito de Juliette e quando esta lhe mexia a menina gemia de dor.

- Deixa a tia Ju ver onde está a doer.

Juliette levantou a roupa dela e viu as costas marcadas assim como as pernas.  Tocou-lhe e ela chorou de dor.

Chamou uma auxiliar e consultou a ficha de Elena.  Encontrou o telefone da bábá.

- Senhora Ema, eu vou com a Elena para o hospital e depois apresentar uma queixa na polícia.  Ela diz que foi espancada pela mãe e está toda marcada.  Não temos o contacto do pai.  Se puder avisá-lo, agradeço.

- Eu hoje não fui trabalhar, mas vou já contactá-lo.  Acho que ele regressava a casa hoje.

Ema tremia toda quando marcou o número de Rodolffo.  Aos poucos conseguiu explicar o que directora Juliette lhe tinha contado.

Troquei tudo por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora