Senti o alcatrão ralar a pele dos meus braços, mas por momentos ignorei a dor. Naquele momento eu só queria uma coisa. Que ele não voltasse atrás.
Vi alguém baixar-se para me ajudar a levantar e dizia alguma coisa naquela língua esquisita.
Sentei-me no chão e olhei para o homem que devia ter os seus 45/50 anos.
- Não entendo. - falei gesticulando com as mãos.
- Brasileira? Também sou brasileiro.
Levantei-me o mais rápido que pude e abracei aquele homem.
- Moço, me ajuda, por favor. - pediu ela chorando.
- Ajudo sim. Eu vi o que aquele monstro fez, com você. Vamos à polícia, mas primeiro ao hospital.
- Não precisa ir ao hospital. São só uns arranhões aqui no braço.
- Vem. Eu te levo para minha casa e minha esposa trata de ti. Depois vamos à polícia. Eu fotografei a limusine. Ele não vai escapar.
Ela foi contando a sua estadia na Alemanha e chegando a casa dele voltou a contar tudo para a esposa ouvir.
- Pobrezinha. 4 anos nesse cativeiro?
- O pior é que eu não tenho documentos.
- Eu resolvo isso, podes deixar comigo. Logo terás os teus documentos e poderás regressar ou quem sabe procurar aqui um trabalho.
Ana e Tomé assim se chamava o casal. Ele produtor de eventos e ela sua assistente.
Ana providenciou uma roupa para Juliette e levou-a para tomar um banho. Depois desinfetou-lhe os arranhões dos braços.
Jantaram os três e logo depois foi dormir.Acordou para o café da manhã e Tomé questionou-a sobre algumas coisas.
- Diz-me tudo o que sabes. Nomes, moradas e outros elementos. Vou falar com um capitão meu amigo para ver o que se pode fazer.
- Eu só quero os meus documentos. Depois posso arranjar algum trabalho para conseguir dinheiro para regressar. Eu só desejo regressar.
Dois dias depois a polícia bate à porta de Ricardo. Este já tinha sido avisado do sucedido e estava à espera.
- O senhor tem noção que pode ser preso por sequestro?
- Eu não sequestrei ninguém e a prova é que ela estava com outro.
- A quem você entregou como paga de um bom negócio. Mais um crime de lenocínio. O seu amigo contou.
Sequestro, cárcere privado, lenocínio, violência doméstica, quer que continue?
- O que os senhores polícias desejam, afinal?
- A documentação e a roupa da senhora e além disso uma boa quantia por serviços de doméstica prestados durante 4 anos. Ah! A senhora diz que só quer a roupa que é dela mesmo, não essa de trabalho.
Ricardo pediu licença. Entrou em casa e logo voltou com o solicitado.
- Dinheiro, eu só tenho em casa 30 mil euros. Ela que fique com tudo.
A polícia conferiu a documentação e ainda avisou.
- Isto não o livra de prestar contas à justiça. A si e ao seu amigo. Ela pode conseguir muito mais caso deseje apresentar queixa. Por mim é o que vou aconselhá-la a fazer.
- Digam-lhe que podemos chegar a um acordo.
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Troquei tudo por Amor
أدب الهواةNão permitas que aconteça. Foge enquanto há esperança