IV

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Eu cheguei à festa e estava bastante nervosa.  Ana acompanhou-me até à àrea VIP e de lá eu tinha a melhor visão do palco.

O espectáculo começou e eu aos poucos fui relaxando.  Tomei uma bebida e dancei ao som das músicas.  Algumas eu amava, outras nem conhecia.

Logo chegou a hora em que Rodolffo se apresentava.  O seu nome foi anunciado e o meu coração acelerou.  Precisei reabastecer o meu copo e neste momento Ana chegou perto de mim.

- Relaxa.  Entrega pra Deus.

Rodolffo entrou saltitante como era usual.  Estava lindo.  Uma calça clara e camisa social branca. O cabelo perfeitamente arrumado e a barba bem feita davam o toque final.

Cantou duas modas quando de repente o nosso olhar se encontrou.
Eu baixei o olhar e senti ele travar na letra da música, mas logo se recompôs bebendo um pouco de àgua.
Não consegui ficar até ao final.  Pedi à Ana que me chamasse um táxi e fui embora chorando.

...

A pessoa que eu achava jamais encontrar estava ali na minha frente assistindo ao meu show.
Quando os nossos olhares se cruzaram eu travei.  Olhei uma segunda vez e vi ela de cabeça baixa.  Bebi um pouco de àgua e segui o alinhamento do show.  De repente ela tinha sumido.  Procurei-a no meio da multidão mas não havia rasto.

Assim que terminei de cantar fui procurar o Tomé.

- Onde está a Ana, Tomé?

- Deve estar por aí, porquê?

- Vi-a com uma pessoa que eu conheço, mas agora não as vejo mais.

- A Juliette?  Foi ela que viste?

- Vocês conhecem-se?

- Longa história.

Ana chegou nesse momento e Rodolffo quis saber da Ju.

- Não aguentou ficar até ao fim.  Foi para casa de táxi.

- Ana, eu preciso falar com ela.  Ela deve-me uma conversa desde há 4 anos.

- Não sei se o momento é o melhor.  Ela não está bem e tu estás magoado.

- Eu prometo ter uma conversa calma.  Diz-me onde ela está?

Ana olhou para Tomé como que a pedir ajuda.

- Ana, eles precisam conversar, mesmo que seja uma conversa dolorida.  O ciclo tem que ser fechado para os dois. 
Ela está em nossa casa, Rodolffo.

Os dois ainda precisavam ficar até ao fim do espectáculo.   Rodolffo recebeu uma chave das mãos de Ana e partiu.

Pelo caminho ia ensaiando a conversa que queria ter com ela.  Há 4 anos que tinha muita coisa entalada na garganta e esta era a hora de soltar.

Chegou à entrada da porta que ele já conhecia,  meteu a chave à porta e logo ouviu:

- Tomé, Ana!  Já terminou o show?

Troquei tudo por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora