Nessa tarde fui para casa a pensar no assunto Elena.
Eu até tinha a solução, mas longe de mim falar e ele pensar que eu tinha outros interesses.E será que não tenho interesse mesmo? Claro que sim. Após tomar consciência do que seria a minha vida na Alemanha com Ricardo eu amaldiçoei-me.
Agir no impulso não é bom e eu sou a prova viva. Sempre amei o Rodolffo, mas a mágoa não permitiu que eu enxergasse.
Sonhava muitas vezes que um dia ele ia aparecer e me tirava daquela situação, só que o tempo foi passando e ele não chegava.A situação de Elena estava péssima, mas eu não vou deixar que se torne pior. Amanhã vou conversar com Rodolffo.
Acordei cedo. No colégio tinha o Fausto à minha espera. Havia necessidade de assinar alguma documentação. Esperei que todas as crianças entrassem nas respectivas salas e fui recebê-lo no meu gabinete.
- Pronto. Aqui está, Fausto. Vai para onde agora? Será que o hospital não fica no seu caminho?
- Fica. Quer boleia?
- Quero. Vou ver uma aluna que foi internada há dois dias. Ainda não me entregaram o meu carro.
Juliette descia do carro no mesmo instante que Rodolffo saía na cafetaria do rés do chão. Anda conseguiu ver a face do indivíduo que a trouxe. Esperou que ela se aproximasse.
- Paquera nova?
- Não. Só o meu advogado.
- Isso não é impeditivo de nada.
- É. Mas temos que querer muito.
- Tu não queres?
- Neste momento tenho o coração fechado. Vai demorar muito para eu me abrir de novo. Vou focar no trabalho.
- O amor chega sem avisar.
- Não quando o lugar está preenchido.
- Quer dizer que aí mora alguém.
- Mora e morará para sempre.
Entraram no elevador e subiram em silêncio. Elena estava de pé bagunçando o quarto todo.
- Parece que a menina está melhor?
- Tia Ju!! Papai!
- Vejo que estás bem melhor.
Ainda tens dores?- Só um bocadinho, pouco.
Juliette havia trazido um jogo de legos que Elena logo espalhou pelo chão e começou a construir.
Rodolffo observava sentado no sofá. Juliette sentou-se junto dele.
- Pensei numa solução para a Elena que não afectará os teus espectáculos.
- O quê? Estou aberto a todas as ideias.
- Enquanto estiveres fora ela vai para o colégio e dorme na minha casa. Quando estiveres, fica contigo.
Rodolffo ouviu, esfregou os olhos e olhou de novo para ela. Não falava nada. Estava sem palavras.
- Que foi? Não gostaste? Desculpa, foi só uma ideia. Eu quero ajudar.
- Se não gostei? Juliette, tens noção do que acabaste de dizer? A minha filha ficar contigo? Eu tenho o coração a saltar do peito. Olha, põe aqui a mão
Juliette limpava as lágrimas dele com a ponta dos dedos enquanto apoiava a mão no seu peito. Ele segurou-a e manteve-a lá.
- São lágrimas de felicidade, disse a sorrir.
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