XVII

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Rodolffo saiu dali apavorado.  Se Elena não era filha deles, então quem eram seus pais.  O medo da possibilidade de lhe tirarem Elena tomou conta dele.

Ligou para Juliette e pediu para conversar.  Ela estava no colégio e disse que ele poderia ir lá.

Rodolffo entrou no gabinete dela muito nervoso.   Ela foi buscar uma garrafa de àgua e entregou-lha.

- Fala o que te deixou assim.

Rodolffo contou-lhe detalhadamente tudo o que ouvira da boca de Anya.
Juliette ouvia atentamente e vez ou outra mostrava alguma indignação.

- Dois salafrários.

- E quanto à Elena, o que eu faço Ju?
Eu não quero um dia ser confrontado com os pais a reclamar a filha.

- Achas possível isso acontecer?

- Eu sei lá.  A mim acontece-me tudo.

- É melhor consultares um bom advogado.  Só ele te pode aconselhar.

- A Elena vai ter alta amanhã.

- Ainda bem que me dizes.  Estava a pensar ir lá vê-la.

- Podes sempre ir lá a casa.

- Lá a casa nunca.  Eu vejo-a aqui quando ela puder vir.

- Nunca porquê,  Ju?  Pensei que já tínhamos superado isso.
Eu vou aceitar a oferta para ela ficar contigo.  Porque não podes ir lá vê-la.

- Porque não é fácil para mim regressar onde já fui feliz e outra viveu lá após mim.

- Viveu lá.  Nunca partilhámos uma cama sequer.  As vezes que transámos foi em hotéis, e logo bem no início.

- Poupa-me os pormenores.   Não quero saber.

Várias semanas depois...

Aconselhado pelo advogado, Rodolffo intentou uma acção para descobrir a paternidade  de Elena.  Foi necessário testes de DNA dos dois para a comprovação e Anya foi obrigada a contar como obteve a filha.

Num dos encontros com Rodolffo,  estando este um pouco bebido, Anya decidiu sabotar as camisinhas que ele sempre fazia questão de usar.

Como não resultou, decidiu optar por outros métodos.  Fingiu a gravidez pois sabia que ele jamais a abandonaria.

Desde que a mesma foi anunciada,  Rodolffo não mais lhe tocou mas permitiu que ela morasse junto com ele.

- Vão falar, Rodolffo.

- E eu lá ligo para falatórios.

Deu um jeito de Rodolffo nunca estar nas consultas e sempre arranjava uma justificação para ele não desconfiar.

Certo dia numa ida a uma farmácia encontrou uma jovem que pedia dinheiro para comer.  A jovem apresentava uma barriga bem saliente e disse estar em fim de tempo.

Levou-a a um café, deu-lhe de comer e soube que morava num casebre.  Foi com ela até lá e a partir desse dia passou a visitá-la diáriamente.

Na hora do parto, Anya de conluio com um enfermeiro e outro pessoal do hospital conseguiu dar entrada com a pequena Elena e simular que tinha acabado de dar à luz.  A criança foi encaminhada para o berçário.  Rodolffo foi avisado que a filha nascera. 

- Como nasceu?  Como não fui avisado mais cedo?

- Não deu tempo Rodolffo. 

Rodolffo visitou a filha já no berçário e dois dias depois regressaram a cada.

Da jovem, correu a notícia meses mais tarde que foi encontrado um corpo num casebre em avançado estado de decomposição.   Não avançaram as causas da morte e o assunto morreu ali.

Troquei tudo por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora