XII

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Rodolffo acabara de chegar quando recebeu a chamada da Ema.  Ligou para Anya para saber onde estava.

- Estou a gravar aqui na praia.

Rodolffo desligou e correu para o hospital.   Entrou feito doido e dirigiu-se  ao balcão.

- Eu sou o pai da Elena que deve ter entrado há pouco tempo.

- Um momento, senhor.

- Rodolffo!!!

- Juliette,  que fazes aqui?  Estás doente?

- Não.   Vim acompanhar uma menina que foi espancada.

- A minha filha?  Foste tu que a trouxeste?

- A Elena é tua filha?

- Sim.  Como ela está?

- Levaram-a para o raio X.  Disseram-me que já me vinham chamar.
Eu chamei a polícia,  Rodolffo.

- Se não o fizesses eu mesmo faria.  Quero aquela mulher na prisão.

- Acompanhante de Elena.

- Eu. - respondeu Juliette.   E está aqui o pai.

- Detectámos duas costelas partidas.  No mais são os hematomas da agressão.  A criança vai precisar de repouso.  Está já no quarto, podem entrar.

- Vai tu, Rodolffo que eu espero pela polícia.

- Depois chama-me por favor.  Eu sei onde aquela mulher está.

Entrei no quarto e Elena logo estendeu os braços para mim.

- Papai, não vás embora.  Ela vai-me bater de novo.

- Ela não vai, minha filha.  O papai não deixa.  Nunca mais vais ficar com ela.

- A tia Ju trouxe a Elena para o doutor curar.

- Pois foi.  A tia Ju é boa pessoa.

Eu sentei-me à cabeceira dela e comecei a fazer-lhe festas.   Juliette entrou e disse-me que a polícia estava lá fora.

- O papai já volta, meu amor.  Fica com a tia Ju.

Rodolffo saiu para fornecer os dados de Anya à polícia, como o número de telefone e local de trabalho.
Foi informado de que deveria formalizar a queixa na delegacia e entregar o relatório médico.

- E não vão fazer nada imediatamente?

- Vamos detê-la para interrogatório, mas sem as provas nas nossas mãos, não podemos deixá-la detida.

- As provas estão à vista.   A minha filha está internada com 2 costelas partidas e o corpo todo marcado.

- Ainda assim, ela pode negar.  A minha colega pode entrar para falar com a criança?

- Pode desde que eu também esteja.  Não a quero mais nervosa.

- Com certeza.   Nem poderia ser de outra maneira dada a idade dela.

Os dois entraram e Juliette afastou-se um pouco.

- Filha, esta senhora vai perguntar-te algumas coisas.  Responde o que souberes.

- Linda menina.  Como te chamas?

- Elena.

- Eu sou a Lila.

- És polícia?  Eu gosto da tua roupa.

- Sou.  Também gosto muito.  Responde uma coisa.  O que fizeste hoje de manhã?

- Eu acordei e não queria ir para a escola com a mãe.   Eu queria a Ema.  Não gosto da mãe.

- E depois?

- A mãe ficou zangada e disse que também não gostava de mim que eu era um tupiço e depois bateu com a colher de pau.

- Onde bateu?

- Nas costas e nas pernas da Elena.

- E depois.

- Fomos para escola e eu chorei muito.

- Agora vais ficar melhor.  És uma linda menina.

A agente saiu e ficámos apenas os três.  Elena logo começou a ficar sonolenta e adormeceu.

Juliette aproveitou para se despedir de Rodolffo e regressou ao colégio.

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