XIII

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Juliette regressou ao colégio no momento exacto que Anya tinha ido buscar a filha e fazia um grande escarcéu porque apenas lhe diziam que a filha não estava.

- Como não está se eu própria a deixei aqui de manhã?

- Não está aqui porque está no hospital vítima de um espancamento brutal.

- Você?  Não estava na Alemanha?

- De onde me conhece, pois não me lembro de si?

- É uma longa história,  mas quero saber da minha filha.

- Não sou eu que lhe vou dar informações.   Você deveria estar presa.  Bater numa criança e ainda mais filha, é de uma crueldade sem tamanho.

- Não fale do que não sabe.

Anta virou costas, entrou no carro e partiu.

- Por Deus!  Esta mulher já devia estar detida.

Telefonei para Rodolffo e avisei-o que eventualmente ela apareceria no hospital.
Rodolffo tomou as devidas providências para que ela não chegasse ao quarto da filha.

Ao estacionar no parque do hospital,  Anya foi logo detida.

Rodolffo passou a noite com Elena.  Na sua cabeça  só havia confusão.  A Elena, a Ju!  A coincidência delas estarem no mesmo sítio era isso mesmo.  Apenas coincidência.

Elena teve uma noite agitada.

Num dos seus pesadelos gritava.

- Tia Ju, ti Ju, não deixes levar a Elena.

Rodolffo segurou na mão dela e ela acordou. - o papai está aqui.  Não te deixa ir a lado nenhum.

- Sonhei com a mãe.

- Volta a dormir, meu anjo.

- A tia Ju foi embora?

- Foi.  Amanhã ela volta.  Agora dorme.

Na manhã seguinte liguei para o meu escritório e mandei cancelar os espectáculos das duas semanas seguintes.  Não sei o que fazer, de uma coisa tenho a certeza:  não deixo mais a Elena sózinha.

Eram 11 horas da manhã quando Juliette veio ver Elena.  Eu aproveitei e deixei as duas sózinhas e fui tomar café.  Estava faminto pois não jantara na véspera.
Quando voltei às duas estavam às gargalhadas.

- Também quero rir.

- Coisas de meninas.

- Juliette,  quero entender tudo isto.  Tu, o colégio.   Trabalhas ali?

- Sou a dona.  Comprei-o pois estava para fechar portas.

- Moras onde?

- Aluguei um apartamento perto do colégio.

- Temos muito que conversar.

Ema chegou de seguida.  Trazia o almocinho que Elena gostava.  Ela ficou muito contente e animada.  Num gesto mais brusco sentiu uma dor e chorou.

- Não te podes mexer muito.  Tens que ficar quietinha para curar as costas.

- Não é as costas que dói, Ema.  É aqui no peito.

- Então vamos lá ficar quieta que a Ema dá-te o almoço.

- Ema, fica aqui um pouco enquanto eu e Juliette saímos para almoçar?

- Vão à vontade.  Eu tomo conta desta menina linda.

- Linda.  Tupiço não. - respondeu Elena.

- Linda,  linda,  linda. -  respondeu Rodolffo roçando o nariz no dela, fazendo-a rir.

Troquei tudo por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora