Sentámos à mesa do restaurante. A única coisa boa disto tudo foi a minha reaproximação de Juliette.
- Fico feliz em ver que está dando certo para ti, Juliette.
- Sim. Sempre foi meu sonho trabalhar com crianças. Com elas eu não preciso fingir.
- Sonho que eu não tive em consideração. Culpo-me também por isso.
- Não penses nisso. Agora a Elena é a prioridade. Espero que este episódio não lhe traga traumas futuros.
Rodolffo, como conheceste a Anya?- Num bar. Eu estava desesperado por não saber de ti e entrei no bar para beber. Lá ela foi-se aproximando, porquê?
- Fiquei desconfiada quando ontem ela foi buscar a Elena e nos cruzámos. Perguntou-me se não estava na Alemanha como se me conhecesse bem.
- Lá em casa nunca falámos de ti nem do nosso passado. Não tinha como ela saber de ti, ou tinha?
- É muito estranho. Eu nunca a tinha visto e ela agiu como se me conhecesse há muito tempo.
- Vou ter que investigar isso, mas agora estou com outro problema.
- O quê? Se eu puder ajudar.
- A Elena. O jeito é ela acompanhar-me nos shows. Vou ter que contratar alguém para ficar com ela no hotel enquanto faço o espectáculo.
- Isso não é um ambiente saudável para uma criança. Se alguém fizer queixa podes perder a guarda dela.
- E eu faço o quê, Ju? Só sei cantar. O curso de gestão nunca pus em prática. A minha vida são os palcos.
- É. Tens um caso sério em mãos. A bábá só fica de dia?
- A bábá tem uma certa idade, mas mesmo que fosse nova, eu não quero a minha filha sendo criada com as bábás.
- Mas já era. Pelo visto a Anya pouca importância lhe dava.
- Mas à noite estava em casa com ela. Ela não era boa mãe mas nunca a deixou sózinha.
- Eu gostava de ajudar, mas não sei como. Talvez trazeres a tua mãe para morar contigo.
- A minha mãe está doente. Vive lá no interior com a irmã. Não vou pedir-lhe isso.
Estas duas semanas cancelei todos os espectáculos. Alguns vou adiar, mas teve outros que vou ter que pagar multa. Fazer o quê? A minha princesa é prioridade neste momento.Conseguimos conversar como dois amigos sem deixar que qualquer mágoa interferisse. Eu estava resolvida quanto ao nosso passado e creio que ele também.
Regressámos ao hospital. Entrámos juntos e logo Ema se despediu.
- A bonita comeu tudinho. Volto amanhã.
- Obrigado, Ema.
- Também preciso ir.
- Não vai tia Ju. Fica com a Elena.
- Filha, a tia precisa de trabalhar. Tem lá muitos meninos à espera dela.
- Eu volto amanhã, combinado, Elena?
- Sim. Papai tu ficas?
- Fico sim, princesa.
- Então tá. Adeus tia Ju.
Juliette fez um carinho na menina e beijou-lhe a bochecha.
Deu igualmente um beijo na bochecha de Rodolffo e este segurou a mão dela e beijou-a.
- Obrigado por tudo.