XIV

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Sentámos à mesa do restaurante.  A única coisa boa disto tudo foi a minha reaproximação de Juliette.

- Fico feliz em ver que está dando certo para ti, Juliette.

- Sim.  Sempre foi meu sonho trabalhar com crianças.  Com elas eu não preciso fingir.

- Sonho que eu não tive em consideração.   Culpo-me também por isso.

- Não penses nisso.  Agora a Elena é a prioridade.  Espero que este episódio não lhe traga traumas futuros.
Rodolffo,  como conheceste a Anya?

- Num bar.  Eu estava desesperado por não saber de ti e entrei no bar para beber.  Lá ela foi-se aproximando, porquê?

- Fiquei desconfiada quando ontem ela foi buscar a Elena e nos cruzámos.  Perguntou-me se não estava na Alemanha como se me conhecesse bem.

- Lá em casa nunca falámos de ti nem do nosso passado.  Não tinha como ela saber de ti, ou tinha?

- É muito estranho.  Eu nunca a tinha visto e ela agiu como se me conhecesse há muito tempo.

- Vou ter que investigar isso, mas agora estou com outro problema.

- O quê?  Se eu puder ajudar.

- A Elena.  O jeito é ela acompanhar-me nos shows.  Vou ter que contratar alguém para ficar com ela no hotel enquanto faço o espectáculo.

- Isso não é um ambiente saudável para uma criança.   Se alguém fizer queixa podes perder a guarda dela.

- E eu faço o quê,  Ju?  Só sei cantar.  O curso de gestão nunca pus em prática.  A minha vida são os palcos.

- É.  Tens um caso sério em mãos.  A bábá só fica de dia?

- A bábá tem uma certa idade, mas mesmo que fosse nova, eu não quero a minha filha sendo criada com as bábás.

- Mas já era.  Pelo visto a Anya pouca importância lhe dava.

- Mas à noite estava em casa com ela.  Ela não era boa mãe mas nunca a deixou sózinha.

- Eu gostava de ajudar, mas não sei como.  Talvez trazeres a tua mãe para morar contigo.

- A minha mãe está doente.  Vive lá no interior com a irmã.   Não vou pedir-lhe isso.
Estas duas semanas cancelei todos os espectáculos.   Alguns vou adiar, mas teve outros que vou ter que pagar multa.  Fazer o quê?  A minha princesa é prioridade neste momento.

Conseguimos conversar como dois amigos sem deixar que qualquer mágoa interferisse.  Eu estava resolvida quanto ao nosso passado e creio que ele também.

Regressámos ao hospital.  Entrámos juntos e logo Ema se despediu.

- A bonita comeu tudinho.  Volto amanhã.

- Obrigado, Ema.

- Também preciso ir.

- Não vai tia Ju.  Fica com a Elena.

- Filha, a tia precisa de trabalhar.   Tem lá muitos meninos à espera dela.

- Eu volto amanhã, combinado,  Elena?

- Sim.   Papai tu ficas?

- Fico sim, princesa.

- Então tá.  Adeus tia Ju.

Juliette fez um carinho na menina e beijou-lhe a bochecha.

Deu igualmente um beijo na bochecha de Rodolffo e este segurou a mão dela e beijou-a.

- Obrigado por tudo.

Troquei tudo por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora