XVI

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Quando a Ju nos deixou eu fiquei a pensar na história de Anya.

Eu menti ao dizer que nunca tinha conversado com ela sobre nós porque quero ir ao fundo da questão.   É certo que se ela me disse que a Ju partiu para a Alemanha com Ricardo, ela conhecia-o minimamente.

No dia seguinte pedi à Ema que fosse ficar com a Elena e fui ao presídio onde estava Anya.  Pedi para a ver e só autorizaram por serem horas de visita.

Anya estava abatida.  Sem os kgs de maquilhagem era uma outra pessoa.

- Rodolffo,  tens que me tirar daqui.  Eu perdi a cabeça com a Elena, mas foi só uma vez.

- Não foi.  A Ema já me tinha alertado para umas nódoas negras.

- Vais arranjar-me um advogado?

- Não vou mexer uma palha.  Agora explica-me qual o teu relacionamento com o homem que levou Juliette para a Alemanha?

- Levou?  Ninguém levou ninguém.   Ela foi de livre vontade.  Bastou uns carinhos e uma amostra de boa vida.  Aquela lá é mais interesseira que eu.

- Quem é Ricardo?

- É um estúpido.  Ajudei-o a conseguir a Juliette e depois descartou-me.

- Como assim, descartou-te.

- Eu era a garota dele, mas já estava muito vista.  Ele precisava de novidades e lá na Europa eu já era conhecida.

- Foi tudo armado?

- Eu não conto mais nada se não prometeres ajudar-me.

- Se te ajudar, falas?  Eu ajudo.

- Eu estava com Ricardo no restaurante onde tu e aquela lá tiveram a última discussão.   Eu digo a última porque após isso o Ricardo mandou vigiar a Juliette e não a viram encontrar-se mais contigo.  Combinámos que ele ia seduzi-la ao ponto dela ir com ele.  O combinado era ele levar as duas, mas fui traída.

Então resolvi investir em ti e por isso te procurei naquele bar.  Não foi difícil, deves concordar.

- Sabias o que ele ia fazer com ela?

- Claro!  Nada que eu não tivesse já feito.  Aparecer com ele e por vezes agradar aos amigos.

- Prostituição,  queres tu dizer.

- Com ele não,  que o tipo lá não gosta da fruta.  Joga noutro time se é que me entendes?

- Desgraçados.
Deviam apodrecer na cadeia, tal como tu.

- Prometeste ajudar-me.

- Seria a última coisa a fazer neste mundo.  Em nome da minha filha, nunca mais apareças à nossa frente.

- Tua filha!!! Essa teve graça.

- Minha filha sim.  Desde o dia em que a vi pela primeira vez naquele berçário.

- Otário.  Foste tão otário.  Pessoas como tu são muito fáceis de enganar.  Fica com esse empecilho.  Foi sempre um empecilho na minha vida.  Devia tê-la deixado morrer juntamente com quem a teve.

- Como?  Anya, o que estás a dizer?  A Elena também não é tua filha?

- Não digo mais nada, guarda!! Podem levar-me para dentro?

- Vemo-nos em tribunal.  Isto não fica assim Anya.

Troquei tudo por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora