III

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Quando Juliette viu os seus documentos não conseguiu esconder a sua felicidade.

- Só quero ir embora. 

Tomé,  no entanto pedia para ela reflectir.  Fazer a denúncia era importante até mesmo para evitar que outras jovens passassem pelo mesmo.

- Podes conseguir um bom dinheiro que te ajude a recomeçar aqui ou noutro lugar qualquer.

- Mas nem tudo se resume a dinheiro.

- E vais deixar assim mesmo?  Eles voltarão a fazer.  Privaram-te de liberdade 4 anos.  Pensa Juliette. - falava Ana.

- Vou pensar, mas se eu fizer a denúncia preciso ficar até ao julgamento e eu quero ir embora rápido.

- Vamos consultar um advogado e depois decides.

Juliette tomou a decisão certa e fez a denúncia.  Três meses depois, saía a sentença.

Por serem pessoas influentes na sociedade os dois apanharam 3 anos de prisão com pena suspensa e o direito a indemnizar a vítima em cerca de 400 mil euros.  Nenhuma das partes recorreu e Juliette recebeu o dinheiro.

Não era a sentença que Juliette queria, mas resolveu deixar por ali mesmo.  Agora só tinha um objectivo.  Ir embora e recomeçar do zero.

Comprou passagem para uma semana depois.  Agraciou o casal Ana e Tomé com uma quantia pela ajuda e hospitalidade.

- Amanhã,  temos um evento importante.  Queres ir, Juliette?

- É o quê?

- Um festival de música brasileira.  Vem.  Vai ser bom conviveres com a nossa cultura, depois de todos estes anos.

- Quem são os artistas?

Tomé entregou-lhe o programa e Juliette travou ao ver um nome.
Devolveu-o com lágrimas nos olhos.

- Que foi, Juliette.

Juliette apontou para o nome de Rodolffo e soluçando falou:

- Nós éramos namorados antes de tudo acontecer.

- Puxa!  Que coincidência.   O Rodolffo é meu amigo há muitos anos.  Já o trouxe cá algumas vezes.

- Eu não posso ir.  Não saberia como me comportar na frente dele.  Tenho muita vergonha.

- Vai estar muita gente.  Se não o quiseres ver eu dou um jeito de te afastar.

- Não sei.  Tenho muitas saudades dele, mas não me portei bem com ele.  Sei que estávamos distantes, mas ele merecia uma explicação.

- Está decidido.  Vais e eu coloco-te longe dos artistas.  Ninguém te incomodará.

Aqui tão perto e perder a oportunidade de olhar na cara dele e pedir perdão.   Não.   Eu vou encará-lo de frente e seja o que Deus quiser.   Um dia vai ter que acontecer, então que seja agora.

- Tomé,  não é necessário ficar escondida.  Quero que seja tudo natural.  Se o encontrar, eu saberei na hora o que dizer e fazer.

- Como queiras.  Conta comigo e com a Ana.

- Obrigada.

Troquei tudo por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora