Alisson não se lembrava de ter um padrasto, mas não queria manter o padrão de comportamentos tóxicos que parecia ter antes de perder as memórias, então escolheu se manter em silêncio até ser apresentada ao seu supostamente novo padrasto.
— Vamos embora. - Tyler ordenou puxando o pulso da garota a forçando se levantar em voz baixa, oque a fez encara-lo.
Aquela situação não parecia um problema para ela, mesmo sem se lembrar de Tyler e de seus últimos 6 meses com ele, havia se acostumado com seus estranhos picos de bipolaridade na forma como agia e falava.
— Oque esse moleque está fazendo aqui, Eliza? - O homem perguntou, estava bastante alterado, parecia realmente pertubado ao ver Tyler. — E essa vagabunda? Você não disse que essa bastarda não ia mais voltar?
Alisson sentiu seu corpo queimar ouvindo aquele desconhecido se referindo a ela daquela forma, queria voar nele, quase agiu por impulso, mas não queria ser a mesma pessoa de antes.
— Você sabe que eu odeio quando usa esse linguajar. - A mulher respondeu com total desinteresse na situação, não parecia preocupada em explicar qualquer coisa pra qualquer um dos lados. — E a Alisson é minha filha, tem direito de estar aqui, se quiser. - Eliza olhou para a mais nova, buscando alguma aprovação enquanto se levantava e servia mais café, mas a menina se manteve imóvel.
— Pode até ser, mas com ele? Esse moleque devia estar preso. Eu sempre te disse que ela ia voltar, você não devia ter deixado ela ir embora com esse merdinha, aposto que voltou porque está carregando um mini entulho dele, e precisa de dinheiro pra abortar. - Ele encarava Tyler com ódio.
Tyler não disse mais nada, apenas dirigiu sua atenção para Alisson, esperando qualquer reação dela, que tentava se manter calma. Na realidade, ela estava ligeiramente feliz por ter escutado aquilo da mãe, mesmo que fosse tão pouco e nem mesmo a defendesse das ofensas do homem. Ela se alimentava com as migalhas de aprovação da mãe.
A menina estava confusa demais para tomar qualquer atitude, além disso, ela poderia merecer aquele tratamento, afinal, não sabia exatamente oque havia acontecido entre eles.
Todos se encararam em silêncio.
— Responde garota, você tá grávida desse bosta? - Phill encarou Alisson diretamente.
— N-ão. - Ela gaguejou nervosa. - Seja mais respeitoso, por favor. Tyler não fez nada para você. - Ela disse tentando disfarçar a raiva.
Phill ri sarcástico e se aproxima de Alisson antes de responder, e quando ela já podia sentir o cheiro de whisky e charutos caros impregnados no sujeito bem de perto, ele começou.
— Respeito? E ainda dizem que não ter um pai presente não afeta as mulheres, olha só pra você, andando com a escória da cidade, que desprezível... Posso até imaginar as imundices que fizeram nesse tempo todo juntos e sozinhos... Que nojo... Mesmo que não esteja grávida, você já deve estar tão podre quanto esse bastardo e a família doente dele... Consigo até sentir o cheiro de prostituta barata vindo de você. Como estão se mantendo? Ele está te fazendo vender as merdas dele, não está? Não, não responde, eu sei que sim. Aposto que está atolada até o cú com as drogas desse bosta.
Alisson estava com ódio, e mesmo que não soubesse diferenciar, boa parte desse ódio, vinha da forma que o velho falava de Tyler, como se ela própria estivesse tão acostumada ao ponto de ouvir aquilo sobre si que nem mesmo se importava mais. E o pior de tudo, sentia ódio de Eliza.
Porque ela não faz nada? Porque não interrompe ele? Mesmo que eu seja isso tudo, que tipo de mãe assiste isso em silêncio?
Antes que ela pudesse encarar a mãe sentindo ter encontrado o sentimento de desgosto que a fez fazer aquela promessa, foi surpreendida pelo punho fechado que passou a centímetros do seu rosto e atingiu Phill, que estava em sua frente.
Tyler havia acabado de proferir um soco no velho, que imediatamente revidou, mas em vão. Tyler desviou e derrubou o homem com mais um golpe com a mão esquerda na mandíbula velha do sujeito.
— Tão certinho e moralista, pena que é casado, você vale tanto quando eu seguindo sua lógica de merda. Tá comendo com minha sogra a quanto tempo seu imbecil? - Tyler sorriu viu o homem ficar vermelho de raiva.
"Minha sogra!?" Ele tá fazendo gracinha pra irritar esse cara, agente com certeza não namora, mas foi fofo isso.
O velho estava prestes a se levantar para se defender, mais foi chutado no estômago, várias vezes, até que Tyler se abaixou para proferir mais socos, e então, finalmente, Eliza interveio;
— ALISSON! Faz alguma coisa! - A mulher parecia estar em choque. Eliza encarava a cena com as mãos na cabeça tentando pensar no que fazer.
Alisson estava com lágrimas nos olhos, mas sorriu com satisfação para encarar a mãe.
Era divertido ver a mulher naquela situação, e ver Phill apanhando era incrivelmente prazeroso, e mesmo assim, como a boa filha que almejava ser, não ignorou o pedido da mais velha.
Ela puxou Tyler pela camisa para chamar sua atenção e parar aquilo.
Ele parou, e a encarou com o mesmo ódio que sentia, mas seu semblante mudou lentamente ao ver seu rosto, e então ele se levantou do chão, voltando a assumir sua expressão de indiferença.
— Vai embora, rápido, e por favor, não conte a ninguém que viu o Phill aqui. - Eliza disse irritada enquanto apressadamente procurava por algo descartável para estancar o sangue.
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Doce Caos
Mystery / ThrillerEssa história contém muitos temas sensíveis como; Abuso psicológico. Violência doméstica. Agressão. Sequestro. Feminicídio. Homicídio. Tortura. Pessoas sensíveis a isso, por favor, evitem ir a fundo nessa leitura.